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quarta-feira, 25 de junho de 2014

Entrevista: ANDRÉ Silva coloca termo na carreira de futebolista

Texto: João Carlos Lopes / Fotos: DR (Publicado na edição n.º 119 do Jornal Notícias de Fafe)


“A AD Fafe será sempre o Clube do meu coração”

Marco ANDRÉ Martins da Silva, resolveu colocar termo na sua carreira de futebolista aos 36 anos, por entender ter chegado a altura de dedicar mais tempo à família. Para trás fica uma carreira de 17 anos como sénior e muitas alegrias vividas, principalmente com o emblema da AD Fafe ao peito, onde fez a formação, foi campeão Distrital de Juniores, equipa da qual foi capitão e permaneceu na equipa principal por dez temporadas consecutivas. Na AD Fafe marcou muitos e decisivos golos e era um exímio jogador no futebol aéreo onde raramente perdia um lance. Quem privou com André reconhece que foi sempre um jogador humilde e muito regrado, amigo do amigo, empenhado dentro e fora do campo. Acaba a carreira onde tinha começado para o futebol, ao serviço do OFC Antime e sai da competição federada de cabeça erguida e de consciência tranquila.


Lembra-se onde e quando começou a jogar futebol?

Comecei a jogar precisamente na mesma equipa onde terminei a carreira, no OFC Antime, no torneio da Câmara, na altura com 12 anos de idade. Na época seguinte fui chamado pela AD Fafe para integrar a equipa de iniciados tendo feito aí toda a formação. 

Quem eram os seus ídolos naquela altura?

Naquele tempo o meu maior ídolo era o Rui Costa, que nessa altura estava na AD Fafe, e também o Batistuta que era um grande matador. No entanto, dos meus tempos de menino, o melhor avançado que me recordo de ver jogar foi o Marco Van Basten porque era um jogador completo e marcava golos fantásticos. 


Aquela equipa de Juniores de 1995/96 foi fantástica. Que se recorda dela?

Sobretudo, era uma equipa que transbordava humildade e tinha ao mesmo tempo uma união de grupo muito forte, com jogadores com muita qualidade, pois jogávamos quase de olhos fechados, tal era a cumplicidade que tínhamos dentro de campo. Tudo isso levou a que fossemos campeões distritais sem derrotas. Recordo-me que em 32 jornadas vencemos 26 jogos, empatamos quatro e perdemos apenas dois. Fomos o melhor ataque com 96 golos marcados e a melhor defesa com apenas 18 golos sofridos. Isto é, marcamos uma média de três golos por jogo o que revela o poder de fogo daquela equipa. 


Nessa época era o capitão e um dos goleadores da equipa. O que recorda 18 anos depois? 

Apesar de termos sido campeões recordo-me que na altura os campos que visitávamos não tinham boas condições e o Fafe, estava, sem dúvida, acima de todos os outros adversários em condições de trabalho e a nível de balneários. Sei também que face a essas adversidades dos campos dos adversários nos tornamos ainda mais fortes e unidos, dispostos a ultrapassar todos os obstáculos, mesmo enfrentando o público que estava sempre muito perto do recinto de jogo. 


Como se deu a transição de júnior para sénior?

Fiz dois anos de júnior na AD Fafe que culminaram com o título de Campeão Distrital. Entretanto houve um compromisso de honra entre mim e a direcção presidida por Álvaro Mendes de ser emprestado ao Atlético Cabeceirense com a ressalva de regressar no ano seguinte ao Fafe. Nessa época fui o melhor marcador da Divisão de Honra da AF Braga com 23 golos. Como prometido regressei ao Fafe onde permaneci dez temporadas consecutivas. 


Depois do Fafe ainda jogou em vários Clubes. Que percurso se seguiu?

Passei pelo Maria da Fonte, na 2.ª Divisão B; seguiu-se o Joane, na 3.ª divisão; representei ainda o Vilaverdense, Arões e Antime, todos nos campeonatos da AF de Braga. Em todos eles marquei golos, nuns em mais que noutros. 


Os anos com o professor Manuel Machado marcaram a sua carreira?

Começo por dizer que o professor Manuel Machado foi sempre um grande treinador que ensinava e motivava os atletas. Era um técnico que gostava de apostar nos jovens e armava equipas muito competitivas. Com ele eu era uma espécie de “arma secreta” que entrava para resolver alguns jogos, tendo sido também titular em muitos deles. Nessa altura consegui um elevado número de golos e muitos deles foram decisivos que valeram não só vitórias como pontos preciosos. Foi um tempo em que sonhei chegar mais longe na carreira de jogador. 


Marcou mais golos com a cabeça ou com os pés?

Sei que marquei muitos golos, mas nunca tive o hábito de os apontar. Enquanto estive no Fafe tinha uma média de golos elevada por época, nos outros clubes foi no Cabeceirense que sobressai mais, embora tenha marcado em todos eles. Sei que as pessoas se recordam de mim pela grande impulsão que tinha e por ganhar praticamente todas as bolas por alto. No entanto, o número de golos que marquei está mais ou menos dividido entre os pés e a cabeça. 


Qual o clube que mais o marcou? 

Sem dúvida que foi a AD Fafe. Foi lá que comecei a jogar federado e entre a formação e os seniores vesti aquela camisola 16 anos. Foi com a camisola do Fafe que senti as maiores alegrias como jogador profissional. Ainda hoje me recordo das bancadas cheias, do público a vibrar com a equipa e como rejubilavam quando me dirigia a eles após um golo. A AD Fafe foi e será sempre o Clube do meu coração. 


Começou e terminou a jogar futebol no OFC Antime. Foi premeditado ou coincidência? 

Apesar de nada ter feito para que isso acontecesse, pensei várias vezes durante a minha vida de jogador que era bonito terminar onde tudo tinha começado. Por isso mesmo, estou grato aos dirigentes do Antime por me terem contratado e, sem o saberem, acabarem por me realizar um sonho. É um clube que tal como o Fafe terei sempre no coração. 


Porque decidiu colocar termo na carreira de futebolista?

Apesar de me sentir ainda com capacidades de poder jogar mais uma ou duas temporadas, entendi que era a altura certa de dedicar mais tempo à família, até porque tenho um filho com oito anos e não quero perder essa fase da vida dele. Aliás o meu filho também joga a bola e qualquer pai gosta de acompanhar os jogos dos seus filhos. Isto porque, no final dos mesmos, eles nos perguntam com ternura se jogaram bem ou mal. Nesta hora de me despedir do futebol federado quero agradecer a todos os que me proporcionaram bons momentos ao longo da minha vida de futebolista. Tudo tem um começo e um fim e eu saio de cabeça erguida porque fui sempre profissional dentro e fora do campo. Se não fiz mais foi porque não podia, pois dei sempre o meu máximo para honrar a camisola que vestia e não defraudar os que apostaram em mim. Contudo, o meu maior agradecimento vai para a minha esposa e o meu filho, a ela por ser compreensiva devido ao muito tempo de ausência para treinos e jogos e a ele porque foi sempre o meu motivo de viver e me obrigou a ser uma pessoa ainda mais ponderada e humilde.

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1 comentário:

armando disse...

abraço amigo!novas portas se abrirão tu mereçes!