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quarta-feira, 9 de julho de 2014

Andebol: José António Silva (ex-Benfica) confirmado como treinador do AC Fafe

Texto e foto: João Carlos Lopes 

“Mais que a subida de divisão, interessa-nos criar uma equipa muito competitiva”

Apesar de estar a colaborar, por amizade, com o Clube já há alguns meses, José António Silva só agora foi confirmado como treinador do AC Fafe onde quer colocar em prática as suas ideias e potencializar a formação, tentado dotar o Clube de uma estrutura capaz de, no futuro, manter a equipa na 1.ª divisão sem sobressaltos. Por isso é que está empenhado em fazer um bom trabalho a longo prazo. Para isso a aposta nos jovens da casa vai ser forte porque o treinador já viu alguns jogadores com bom potencial. É um treinador exigente e rigoroso que quer definir algumas regras de comportamento e de convivência porque isso é a base de qualquer trabalho que se queira fazer em equipa. A luta pela subida de divisão vai ser um segundo objectivo mas está inerente ao projecto abraçado. Noutros clubes onde trabalhou, concretamente o Águas Santas e Madeira SAD foi responsável pela formação e procurou criar condições para que a mesma proporcionasse bons frutos para serem aproveitados pelos seniores. Foi com esse espírito que José António Silva, detentor de um currículo invejável, veio para Fafe, como se pode ler nesta entrevista, entre outras questões que lhe colocamos. 


Como surgiu o convite para vir treinar o AC Fafe?

Surgiu de forma natural. Nestes últimos anos e depois de ter saído do Benfica têm surgido alguns, mas até agora não senti necessidade de voltar ao treino e também não senti que alguns convites que me foram feitos reunissem as condições que entendo necessárias para trabalhar num Clube e trabalhar em andebol. Depois da saída do antigo treinador houve alguns contactos no sentido de eu colaborar com a equipa e dar uma ajuda, ainda que por fora, a que, por amizade eu acedi. Mais tarde começamos a falar acerca daquilo eu podia ser um projecto interessante para o Clube e chegado o momento de regressar ao treino, também porque o Clube, creio eu, tem condições para fazer um bom trabalho e impor-se no panorama desportivo.

Porquê o AC Fafe e não outro Clube?

Tive alguns convites neste período. Não foram muitos. Admito que depois do meu percurso no andebol as pessoas não se sentem muito à vontade para proporem alguns projectos. Encaro isso como normal. Nos convites que tive anteriormente entendia que não seria bom para o Clube nem para mim o regresso. No caso do ACF, pelas razões que apontei antes: condições para fazer um bom trabalho, sustentado, a longo prazo. Foi basicamente por acreditar nessas condições e na vontade que as pessoas têm manifestado para trabalhar de uma forma um pouco mais alargada que eu equacionei voltar ao treino, aceitei este convite e estou motivadíssimo para o desenvolver. 

Este é um Clube formador. Surge também para potencializar a formação?

O meu último Clube foi o Benfica onde com a minha entrada reformulamos a formação que não existia quando lá cheguei. Mas, noutros Clubes em que trabalhei, concretamente o Águas Santas e o madeira SAD, fui sempre responsável pela formação onde procurei criar as condições para que essa formação proporcionasse bons frutos para mais tarde serem aproveitados pelos seniores. É exactamente esse espírito que está aqui presente, ou seja, apostar muito nos jovens da casa, tentar criar condições para que possam evoluir e fazer um bom trabalho para mais tarde, quando chegarem aos seniores, darem um bom contributo.

Nesse sentido, que viu no AC Fafe?

O que vi foram alguns jovens com bom potencial o que é um facto. É agora necessário que esse potencial seja explorado ao máximo e isso só se consegue com trabalho. De uma forma geral, em Portugal, acredita-se que o talento por si só resolve os problemas mas não é verdade. É preciso ter talento, capacidade mas é também preciso trabalhar imenso. É um pouco nesse sentido que nós vamos tentar fazer com que os jovens acreditem nesta mensagem. Há aqui alguns jovens, isso é inegável, para alcançar bons níveis de rendimento. 

Há quem diga que é um treinador exigente. Como se define como treinador? 

Ser exigente faz parte da profissão. Quem a encara da forma que eu o faço, o meu percurso diz isso. Sempre fui muito exigente nos clubes e nas equipas. Sou muito exigente e rigoroso. Tenho uma ideia muito concreta relativamente à forma como quero que as equipas joguem e procuro implementar isso. Por outro lado, sei que temos que dar espaço para que os jogadores se possam pronunciar e ouvi-los de maneira a que possamos criar um colectivo forte, porque dessa forma é que se conseguem obter resultados. 


O factor pedagógico é a imposição de determinadas regras e tipos de comportamento?

É verdade que sim. Aliás, estamos nesta fase a ter reuniões individuais com todos os jogadores, precisamente para definir essas regras que mais tarde serão reforçadas junto de toda a equipa. Tentamos saber o que eles pensam e explicamos-lhe como as coisas vão funcionar a partir de agora. Definir algumas regras fundamentais de comportamento e de convivência e isso é, de facto, a base de qualquer trabalho que se queira fazer em equipa. 


Que pressupostos levaram à elaboração do plantel?

A perspectiva que temos e que apresentei à Direcção e creio que foi bem acolhida é a seguinte. O ACF, como Clube com características muito próprias de formação, um pouco mais do interior, tem que ter uma base de sustentação muito forte nos jogadores da casa. Partindo desse pressuposto procuramos definir o plantel da equipa sénior a partir de três aspectos: primeiro jogadores jovens e da casa; segundo, jogadores jovens da região que não impliquem grandes custos e terceiro, jogadores que queiram evoluir e trabalhar para fazerem carreira no andebol ou pelo menos jogar ao mais alto nível. Neste caso não interessou muito os nomes mas sim o perfil dos jogadores. O que nos interessa é trabalhar com jovens da região e do Clube, fundamentalmente, que permita criar uma base muito forte no Clube para mais tarde podermos reforçá-la, eventualmente, com alguns jogadores vindos de fora. A prioridade vai ser dada aos jogadores da formação e aos jovens que queiram evoluir e fazer um trabalho sério no andebol. 


O plantel está praticamente definido?

Com jogadores com estas características sim. Não é um plantel que se atendêssemos única e exclusivamente à competição se formaria. Terá lacunas mas é um plantel tendo em vista os objectivos atrás referidos. Nesse aspecto está de acordo com o que é pretendido e exigido. Acreditamos também que esses jogadores conseguem atingir bons níveis de prestação desportiva no imediato


Essa prestação poderá passar pela disputa da subida de divisão?

O primeiro objectivo é o que tenho vindo a referir ao longo desta conversa. É evidente que o objectivo da equipa vai ser lutar pela subida de divisão. Mas surgirá num segundo plano. O primeiro é criar uma equipa que permita que o ACF quando subir de divisão, o que esperamos seja num futuro muito próximo, tenha capacidade depois para fugir aos últimos lugares e criar uma situação um pouco mais estável na 1.ª Divisão. Mais que a subida de divisão, interessa-nos criar uma equipa muito competitiva que uma vez garantida a subida tenha condições para garantir a estabilidade na 1.ª Divisão.


O que espera do público de Fafe?

Além dos objectivos desportivos defini como objectivo importante unir toda a cidade em volta desta equipa, unindo todas as pessoas que queiram colaborar connosco. É importante que toda a cidade se mobilize no apoio a esta equipa que é muito jovem e que vamos necessariamente correr alguns riscos no que diz respeito à prestação desportiva. Esperamos constituir uma equipa que seja o espelho da cidade e o orgulho de toda a gente e que faça com que as pessoas se sintam identificadas com esta equipa. As regras de comportamento, de conduta dentro da equipa vão ser muito apertadas e rigorosas, precisamente com o objectivo de todas as pessoas que nos venham ver jogar e os que não venham no início sejam conquistados e sejam motivados a vir, se identifiquem com esta equipa e com os princípios e os valores que ela vai procurar pôr em campo e mais tarde sejam também nossos apoiantes indefectíveis.

Já está algum trabalho programado para a próxima época?

Estamos ainda muito no início mas, no entanto, já temos algum trabalho programado, como a participação em torneios e jogos treino. A época começa no dia 11 de Agosto, espero que com toda a gente em condições de começar a trabalhar muito forte. Os atletas estão a ser sensibilizados para isso e para a necessidade de cuidarem da sua condição física, neste período sem treinos formais, para que quando encetarmos os trabalhos da equipa estejam a um nível que lhes permita começar em alta. 


Qual a mensagem que quer deixar transparecer?

A minha vinda para o Clube tem com único objectivo trabalhar para que o ACF seja um Clube cada vez mais forte no panorama nacional. Nesse sentido fizemos algumas opções em termos de plantel. No que diz respeito aos treinadores que vão trabalhar connosco em todos os escalões, convidei pessoalmente todas as pessoas que já trabalhavam no Clube para se manterem, eventualmente numa nova dinâmica, porque sei que a grande riqueza do ACF são as pessoas que aqui trabalharam e trabalham, os seus treinadores e dirigentes. A mim compete-me, única e exclusivamente, tentar dar o meu contributo para que estas pessoas sejam ainda mais eficazes. Gostaria muito de contar com todos eles. Reforçando a mensagem vamos encetar uma fase nova no ACF e é esse o espírito que nos anima a todos pelo que precisamos do apoio de toda a gente. Precisamos que as pessoas que gostam de Andebol e mesmo os que não gostam nos venham apoiar e que o façam nos mais pequenos gestos porque o pressuposto básico que vai obedecer ao trabalho é trabalharmos de forma a que as pessoas se identifiquem connosco, se revejam nessa equipa e naturalmente tenham orgulho nesta equipa.


Curriculum (abreviado) 

HABILITAÇÕES ACADÉMICAS 

- Licenciatura em Desporto e Educação Física, Opção Andebol 

- Licenciatura em Desporto e Educação Física, Opção Andebol 

HABILITAÇÕES DESPORTIVAS -TREINADOR 

- Treinador de Nível IV

- EHF Pro Master Coach Course da Federação Europeia de Andebol e da Federação de Andebol de Portugal. 

EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL – DOCENTE UNIVERSITÁRIO 

- Professor da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL – TREINADOR PRINCIPAL

2008/2009 a 2010/2011 | Sport Lisboa e Benfica -Campeonato Nacional 1ª divisão Seniores Masculinos 

2006/2007 | Madeira Andebol SAD - Campeonato Nacional 1.ª divisão Seniores Masculinos 

1997/1998 a 2004/2005 | A.A. Águas Santas - Campeonato Nacional 1.ª divisão e 2ª divisão de Seniores Masculinos 

1986/1987 a 1992/1993 | Estrela e Vigorosa Sport Clube, Jovem Almeida Garrett Diversos escalões de andebol feminino (iniciados, juvenis e seniores) 

1989/1990 a 1996/1997 | Seleção Nacional de Portugal - femininas: Juvenis, Promessas, Esperanças. 

TÍTULOS E PRINCIPAIS CLASSIFICAÇÕES 

• Vencedor da Taça de Portugal (Seniores Masculinos) – Época 2010/2011 - Sport Lisboa e Benfica; 

• Vencedor da Supertaça (Seniores Masculinos) – Época 2010/2011 - Sport Lisboa e Benfica; 

• Finalista da Taça Challenge da EHF (Seniores Masculinos) - Época 2010/2011 - Sport Lisboa e Benfica; 

• Vencedor da Taça da Liga (Seniores Masculinos) – Época 2008/2009 - Sport Lisboa e Benfica; 

• Vice campeão Nacional (Seniores masculinos) – Época 2008/2009 Sport Lisboa e Benfica;

Vice campeão Nacional (Seniores masculinos) – Época 2006/2007 Sport Lisboa e Benfica; 

• Vencedor da Taça de Portugal (Seniores Masculinos) - Época 2000/2001 – A.A. Águas Santas; 

• Campeão Nacional 2ª Divisão (Seniores Masculinos) – Época 1998/1999 – A.A. Águas Santas; 

• 6º Classificado no Campeonato do Mundo de Juniores (Feminino), Costa do Marfim 1997; 

• Vice Campeão do Mundo Universitário (Masculino) – Época 1999/2000. 
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