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quarta-feira, 2 de julho de 2014

Aproveitamento da formação da AD Fafe: É como quem lança sementes ao vento!

Texto e foto: João Carlos Lopes (Editorial publicado na edição 120 do Jornal Notícias de Fafe)

"O último dos “moicanos” foi Mike"

Uma pesquisa aturada às quatro últimas temporadas verifica-se que de todos os jogadores que subiram à equipa sénior da AD Fafe, oriundos da sua formação, nenhum deles se conseguiu fixar no onze inicial. O último dos “moicanos” foi Mike, no tempo que Carlos Condeço era o treinador da AD Fafe. De lá para cá tem sido um constante desperdiçar de talentos em detrimento de jogadores de qualidade idêntica ou inferiores. Lembrando a Geração de Ouro arrisco-me a dizer que se essa equipa jogasse contra o Pedras Salgadas no último jogo da fase final do Campeonato Nacional de Seniores de certeza que o ganhava. Aquela equipa subia de certeza, pois ninguém daquele grupo admitia empatar com o penúltimo classificado sabendo que a vitória lhes dava a subida. O modelo adoptado nos últimos quatro anos nem trás fama nem proveito. Manter a equipa no Campeonato Nacional de Seniores não precisa de nenhuma engenharia nem de contratar jogadores de fora ou aceitar “imposições” de empresários. Depois, há muitos jogadores a jogar no Pró-Nacional com capacidade para representar o Fafe e a valores acessíveis para a realidade do Clube. Se os grandes e os remediados vão buscar jogadores a escalões inferiores porque será que o Fafe não o faz nem dá oportunidades aos jogadores que “produz” na formação e que ganharam a outros nos seus campeonatos que se encontram a jogar nos respectivos clubes ao invés dos fafenses. 

Tem sido uma verdadeira ilusão fazer subir juniores a seniores na AD Fafe. À primeira vista só estão no plantel para fazer número e tapar buracos e mesmo quando entram e fazem grandes exibições depressa são esquecidos e voltam para a prateleira até serem novamente necessários. Não basta perceber muito de futebol. É necessário não ter medo de aplicar os conhecimentos e não ir pela via mais fácil. “Não dar para esse peditório” é negar os princípios que um dia se beneficiou nas mesmas condições e nas mesmas circunstâncias. Treinadores mais experientes, como o Professor Manuel Machado, conseguiram fazer dos jovens jogadores fafenses verdadeiros campeões em equipas muito mais competitivas que as que temos visto no Fafe ultimamente. Um jogador que ganhou praticamente tudo que havia para ganhar no seu percurso na formação e tem uma mentalidade guerreira e um espírito de sacrifício acima do normal não joga no onze inicial ou tem poucas oportunidades porquê? Que ganhou o Fafe na época passada? Foi simplesmente o primeiro dos últimos e mesmo assim, com esses últimos a dar oportunidades aos seus jogadores menos rodados e da sua formação quando o Fafe raramente o fez.

Onde estão Ricardo Soares, João Costa, Rui Nogueira, Samora, João Miguel, Leandro. Estes só nos últimos quatro anos. Para não falar de Tiago Novais, Rui Gonçalves, Paulo Freitas, Simão Leite, Fábio Teixeira, Pedro, Diogo Durães e Raimundo. Isto recuando à época de 2007/2008, em que o actual treinador foi fazendo parte das sucessivas equipas técnicas até assumir o comando nas últimas quatro épocas e meia. Se me disserem que esses jogadores não tinham valor para ficar nos seniores para quê enganá-los e não os deixarem seguir outros caminhos logo de início? Que sorte têm tido por exemplo Zé Marçal, Zé Brochado, Pedro Castro e Vasco Cruz, este último jogador que o treinador disse em entrevista a este jornal (Notícias de Fafe) ter escapado às garras dos olheiros que levam as pérolas fafenses em tenra idade e afinal não lhe deu as oportunidades que ele merecia. 

Se é para enganar os jogadores que se chamam aos seniores seja para assinarem pelo plantel, seja para treinar mais vale estar quietos e seguir a política da contratação fácil que na maioria das vezes sai furada. Ressalva-se aqui alguns jogadores que chegaram a Fafe e souberam encarnar o espírito do Clube, tirando-lhes por isso o chapéu.

Esta falsa aposta na prata da casa está gasta e o trabalho que está a ser feito na formação cada vez dá menos garantias. Pode-se falar que a equipa tem jogadores da terra. É bem verdade. Mas foram feitos noutro tempo em que outras pessoas com mais visão e menos medo lhe deram as oportunidades. Xavi, João Nogueira, Filipe e Gil tiveram que se impor ao andar por outros lados. Por exemplo Xavi andou pelo Pica e João Nogueira pelo Arões, Filipe e Gil por outros clubes dos nacionais. Mas nesta altura o Fafe já não põe ninguém a rodar por empréstimo em lado nenhum. É como quem lança sementes ao vento e os ventos têm sido fortes demais no Municipal de Desportos daí as sementes não pegarem e se perderem.
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