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quarta-feira, 8 de maio de 2019

Automobilismo: Entrevista a Rui Salgado um Senhor dentro e fora da competição


ENTREVISTA POR: JOÃO CARLOS LOPES / FOTOS: DR

"Antes de me retirar, gostaria de fazer uma prova com um carro de caixa sequencial"


Rui Manuel Salgado é um piloto fafense, de 58 anos de idade, que há cerca de três décadas atrás, juntamente com outros aficionados fafenses dos desportos automóveis, deliciaram uma geração nomeadamente nos slaloms dos rali paper que obrigavam a uma autêntica romaria para ver a perícia dos pilotos da época. Depois dos rali paper este empresário participou em competições como o Troféu Toyota Iniciados (1989 e 1990) Troféu Datsun 1200 (2002, 2003 e 2004) e em vários Ralis e provas de velocidade automóvel. Entre muitas outras participações salientam-se a vitória na Super Especial do Rally de Portugal de Clássicos Desportivos, nos Jerónimos, e a vitória na segunda prova de Troféu Datsun no Estoril entre 115 concorrentes. Este piloto que foi e é sempre um Senhor dentro e fora da competição ainda se delicia com as participações no Rally Spirit e nas Super Especiais do Rally de Portugal, pela sua envolvência e pelo prazer que lhe proporciona. Não conquistou nenhum título mas a sua personalidade, humildade e carisma conquistaram toda a gente.  




Com que idade começou o gosto pela competição automóvel?


Desde que me conheço que gosto de automóveis, mas essencialmente de corridas, seja velocidade ou ralis. Essa paixão começou em criança fazendo corridas com miniaturas e foi crescendo ao longo dos tempos, alimentada pela possibilidade de desde muito cedo ter começado a conduzir, ler jornais e revistas da especialidade e ir ver corridas. Um fator fundamental foi essa paixão ser comum aos meus amigos mais chegados. 


Que memórias guarda dos “rally paper” que se faziam em Fafe?

Acho que marcaram uma época e todos os que neles participaram. Eram momentos fantásticos, vividos com muita intensidade.

Os slaloms desses “rali paper” eram algo de extraordinário para a época não eram?

Era a parte verdadeiramente competitiva. Lembro-me do primeiro que se realizou nos arruamentos em construção da zona da “feira” (na zona onde é agora o mercado). O desnível desses arruamentos para a zona adjacente era significativa, o que tornava o traçado bastante perigoso. Nessa altura não se media devidamente os riscos, mas, com alguns “percalços”, tudo acabou por correr bem, e foi um espetáculo único. Os seguintes já foram mais “civilizados”, mas não menos disputados.

Quem eram os seus maiores adversários da altura nesse tipo de provas?

Os que melhor me lembro (e peço desculpa aos outros) eram os meus grandes amigos e companheiros nestas andanças, o meu primo Armando Lameiras e o Filipe Vieira Mendes.

Onde o levou a competição automóvel?

Essencialmente possibilitou-me conhecer pessoas fantásticas (como o “Senhor” Engº. José Megre) e deu-me a enorme satisfação de ter conseguido realizar um sonho que tinha desde que me conheço.

Quem é o seu grande ídolo de sempre?

Não posso dizer que tenha tido um “ídolo de sempre”, mas ao longo de todos estes anos a acompanhar o desporto automóvel tive o privilégio de ter visto conduzir vários enormes pilotos.

É talvez o fafense há mais tempo em actividade nos ralis. Não sente vontade de parar? 

Não sei se corresponderá à verdade, pois já não comecei novo - em 1989 – e estive cerca de 10 anos inativo. É verdade que começo a sentir alguma falta de motivação, fruto da lei natural da vida, mas ainda espero fazer mais algumas provas. Este ano irei fazer a Super Especial de Lousada - Clássicos Desportivos do Rally de Portugal e espero que Gaia Street Stage e o Rally Spirit. 

Incluindo os “rali paper” que carros utilizou nas provas?

Nos “rali paper” utilizei os carros da minha tia Mira – Renault 5 e Renault 9. Em provas oficiais corri em Toyota Starlet 1.3 S (troféu), Toyota Corolla GTI, Renault Clio (troféu), Datsun 1200 (troféu), Seat Leon TDI (troféu), Peugeot 306 GTI, Ford Escort RS 2000 e VW Golf GTI.

Como fafense sente orgulho do WRC ter voltado a Fafe. Na sua opinião esta é mesmo a catedral dos ralis?

Claro que sinto orgulho que a minha terra esteja ligada a grandes eventos, por a maioria de razão no âmbito da minha paixão. Residindo em Lisboa, quando digo que sou de Fafe, muitas pessoas fazem de imediato a ligação aos ralis e em especial ao Rali de Portugal. Acho que Fafe é, neste momento, a catedral dos ralis em Portugal. 

Considera que a autarquia tendo a visibilidade que o WRC e os troços de Fafe que acolhe outras provas lhe dão deveria tirar mais proveito? De que forma?

No âmbito desta entrevista limito-me a reconhecer que a autarquia tem feito um bom trabalho e esforço continuados para manter os troços em bom estado e reunir as condições para a realização das provas. 

Mantém-se informado sobre a actividade dos pilotos e co-pilotos de Fafe nos ralis?

Não só me mantenho informado, como acompanho e sempre que posso fisicamente presente, as provas dos pilotos e co-pilotos fafenses em ralis, e dos pilotos na velocidade, montanha e karting, até porque tenho a felicidade de ser amigo da maioria deles. Fico contente por estar a aparecer uma nova leva de gente nova para garantir a continuidade.

Que prova ou provas que lhe deram maior prazer de fazer?

A vitória na Super Especial do Rally de Portugal de Clássicos Desportivos nos Jerónimos e a vitória na segunda prova de Troféu Datsun no Estoril entre 115 concorrentes. 

Qual a prova em que gostaria de participar e não participou?

Aquilo que eu costumo dizer, é que, antes de me retirar, gostaria de fazer uma prova com um carro com caixa sequencial. Mas considero-me um privilegiado ter feito o que fiz. 

E qual a prova a que não gosta de faltar?

Agora gosto de fazer o Rally Spirit e as Super Especiais do Rally de Portugal, pela sua envolvência.

Onde gostaria de ter chegado como piloto?

Como todos os apaixonados, gostaria de ter sido piloto profissional. Mas cumpri o grande objetivo: correr em ralis e velocidade.

Porque não chegou?

Porque não tive capacidade.

O que ganhou com os ralis? 

Aquilo que eu mais ganhei com as corridas (ralis e velocidade) foram muitos e bons amigos.

2 comentários:

Luis Castro disse...

Parabéns Rui!
Um senhor dentro e fora dos ralis.
Que ainda vivas muitos e bons momentos a acelerar por essas estradas da Vida!
Forte Abraço

Luis Miguel Inês disse...

Gostei de ler a entrevista ao meu amigo Rui salgado, a quem envio um forte abraço e que possa continuar por muitos mais anos.
#LMI