ENTREVISTA POR: JOÃO CARLOS LOPES | FOTOS: DR
Entregou o corpo e a alma em cada treino e jogo
João Feira, resolveu deixar de jogar futebol aos 39 anos, fará 40 a 18 agosto, depois de ter representado inúmeras coletividades do Concelho de Fafe onde se destacou sempre pela liderança, pela entrega, pela humildade e pela sua forma peculiar de viver o desporto. Não há outra pessoa igual ao Feira, porque ele é único na maneira de ser e de estar, sempre pronto para ajudar quem quer que seja, principalmente a integrar os jogadores mais novos. Foi um percurso bonito pleno de satisfação para o jogador, porque para a maioria dos desportistas não é onde se joga ou como se joga, é onde se sente feliz e o que se contribui para a felicidade dos outros. Nisso João Feira está de consciência tranquila porque deu tudo de si dentro e fora de campo em todos os clubes que representou. Força de vontade, determinação e honrar o compromisso foram valores que sempre o pautaram. É assim que quer que seja lembrada a sua passagem no futebol, não por ser um jogador diferente, mas diferenciado. É essa vontade que ainda o leva a continuar, agora no futsal, em veteranos ao serviço do mesmo Clube onde terminou carreira no futebol. Feira foi um capitão inesquecível e os Ases de S. Jorge fizeram questão de frisar isso na sua despedida. Só mais um pormenor, marcou golo no primeiro e no último jogo que fez pelos Cavaleiros de S. Jorge, ambos de penálti e na mesma baliza.
Onde e quando começou a sua atividade desportiva?
Comecei a minha atividade desportiva nos Ases de S. Jorge, aos 8 anos.
Em que clubes fez formação?
A minha formação foi distribuída por vários clubes: Restauradores da Granja (campeonato da Câmara), os Justiceiros (campeonato da Câmara), GCDR Fareja, Desportivo Ases de S. Jorge (federado), GD Golães, AD Fafe Fafe (federado) e UD Moreirense (federado).
E como sénior quem representou no futebol?
Como sénior, representei o UD Moreirense, GDC Fornelos, GDR Amigos de Quinchães, Arões SC B, Desportivo Ases de S. Jorge (futebol).
E no futsal?
GD Fornelos, GCD Regadas, AD Revelhe (campeão), ARCO Santo Ovídio (campeão), Amigos de Fafe e GD Ardegão.
Houve alguém em especial, seja treinador, colega, dirigente ou simplesmente alguém ligado a algum clube que o tenha marcado para a vida?
Há muitos nomes que guardo com carinho ao longo destes anos e essas pessoas sabem perfeitamente quem são. Penso que seria egoísta da minha parte nomear apenas alguns uma vez que me cruzei com tantos.
Preferia um bom grupo a jogar no pelado ou uma equipa descaracterizada a jogar num sintético?
Um bom grupo a jogar no pelado. É sempre bom ter um bom grupo do que propriamente andar a jogar no sintético e a equipa andar à “cabeçada”. Além disso, a minha vida foi quase toda nos pelados, à exceção do Arões e do Ases. Antigamente não havia sintético.
Quais os momentos mais felizes da sua atividade futebolística?
Os momentos mais felizes da minha atividade futebolística foram sem dúvida a conquista de troféus. Outra das coisas muito importantes, foram as amizades que fiz, as quais levo para a vida e que ainda me hoje fazem ser reconhecido em qualquer lado.
E o mais triste?
Para mim o momento mais triste foi a tomada de decisão de terminar a carreira do futebol de 11. Sabia que tinha que ser, só não esperava que fosse tão cedo porque sabia que ainda tinha capacidade para jogar mais tempo.
Porque resolveu deixar de jogar?
Deixei o futebol para ter mais tempo para a minha família aos fins de semana e poder acompanhar o meu filho com tranquilidade e não estar a pensar que ia ter jogo nesse dia, em que ficava muitas vezes sem almoçar e nos jogos e porque sempre honrei o meu compromisso e isso exigia algum esforço da minha parte, sendo verdade também que com a idade temos que tomar algumas opções.
O que mais o caracterizava como jogador?
Aquilo que mais me caracteriza como jogador é a minha humildade, responsabilidade, o trabalho dentro de campo, a raça, liderança, compromisso - que hoje em dia é mais raro haver - e ainda a capacidade de conseguir ajudar os mais novos.
Vai continuar a praticar desporto para além do futebol?
Sim, a partir do próximo ano vou jogar futsal, mas a nível dos veteranos.
Pode divulgar o Clube ou ainda não sabe?
Vou continuar a vestir a mesma camisola as dos veteranos do Desportivo Ases de S. Jorge.
Os jogadores da nova geração ainda têm a mesma vontade de jogar que os da sua?
Não, definitivamente. Os miúdos, apesar da habilidade, não têm a mesma vontade, nem o compromisso que nós tínhamos.
Que lição retira do futebol?
A lição que retiro do futebol depois de tantos anos ao serviço são as várias amizades que criei. No entanto, realço que nem todos os balneários foram “fáceis”, sobretudo no mundo atual. Antigamente era tudo mais fácil, tudo mais tranquilo e havia mais respeito.
O que lhe apetece dizer ao fim de tantos anos a jogar futebol?
Depois de tantos anos, de tantos treinos, jogos, convívios e de ter conhecido enumeras pessoas, gostaria de agradecer a todos aqueles que se foram cruzando comigo, especialmente, à minha família, que sempre me apoiou - apesar de muitas vezes os “trocar” pelo futebol - e a todos os emblemas em que joguei, mas também aqueles que me convidaram e que não tive a possibilidade de os representar. Um bem haja a todos, levo-vos no coração.
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| O último golo da carreira, de penálti. |






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