TEXTO: JOÃO CARLOS LOPES | FOTOS: DR
"Não há passeio que nos faça desistir"
A Associação fafense de Cicloturismo Aro 27 está viva e tem demonstrado a sua vitalidade nas diversas atividades que organiza, quer seja em bicicleta de monte ou de estrada, como aconteceu no último domingo com a cicloperegrinação que levou 11 ciclistas desde Fafe ao Santuário de Fátima numa distância de cerca de 280 km. Mais um percurso cuidadosamente estudado e traçado pelo engenheiro e atual presidente da coletividade, Paulo Cruz, que minimizou o impacto do longo percursos, em que melhor era impossível.
Com partida de nove ciclistas junto das bombas de combustível da BP, o comboio colocou-se em marcha com destino a Paçô Vieira para integrar mais dois passageiros, um que ia entrar naquele "apeadeiro" e outro que já apanhou o comboio em andamento devido a ligeiro atraso no início da viagem. Daí para a frente as carruagens foram inseparáveis e os passageiros começaram a desfrutar do momento.
A primeira paragem foi em Ermesinde para o pequeno almoço e descontrair as pernas porque a viagem era longa e era necessário carregar energias e juntar as tropas à mesa para alguns momentos de descontração e boa disposição.
Depois da equipa aceder à marginal do Porto no sentido Gondomar - Cidade Invicta, a Ponte Luís I registou a primeira foto de conjunto, gentilmente tirada por um colega cicloturista que ia de passagem. Os ciclistas seguiram junto ao Rio Douro até atingir o mar, onde após alguns quilómetros se aliviaram da roupa que tinha servido para os proteger do frio pois a hora da partida, seis da manhã, pedia agasalho. Chegados a Gaia foi feito o primeiro contacto com o colega ciclista que transportava a carrinha, Pedro Gonçalves, que fez um trabalho louvável ao longo de todo o trajeto, sempre no sítio certo à hora certa, sem deixar faltar nada, nem mesmo na hora de almoço. Sozinho fez um trabalho valioso que tornou este passeio mais aprazível. Um serviço impagável em prol dos companheiros das bicicletas de estrada, ele que é um entusiasta das bicicletas de montanha.
A viagem foi correndo a preceito até à hora de almoço onde a caravana do Aro 27 chegou com 170 km nas pernas para degustar um saboroso arroz à valenciana docemente preparado pela professora Carla Gonçalves, esposa do sócio e ciclista Alfredo Teixeira. O parque da Praia de Mira acolheu os ciclistas que aproveitaram o momento para descontrair os músculos e prepararem o resto da viagem.
Após todos tomarem café numa unidade hoteleira local, seguiram-se mais de 20 km de pura adrenalina com os ciclistas a rodarem em plano, em retas infinitas, praticamente sem trânsito automóvel, numa velocidade alta pouco provável para depois do almoço, em que por norma aparece a moleza.
Foi já com o aparecimento de algumas placas a dizerem Leiria e Fátima que os ciclistas estavam atentos ao relato do Portugal - Turquia, para o Euro 2024 e festejaram os golos em cima das bicicletas como se estivessem no estádio, num momento grandioso, por vezes em sintonia com alguns dos poucos automobilistas que circulavam nas estradas quase desertas, pois Portugal estava parado a assistir ao jogo, o que facilitou esta viagem.
A última paragem foi já a escassos 15 km do santuário, onde cada um se mentalizou para a dificuldade dos últimos 12 km em subida, primeiro ligeira e depois mais acentuada. Cada um na sua pedalada e na sua fé, com maior ou menor dificuldade, atingiu o objetivo proposto, deixando alguns até surpreendidos com o que haviam conseguido.
Uma vez em Fátima, após fotos individuais de de conjunto, para mais tarde recordar, veio o merecido banho e a mudança do traje mais desportivo para outro mais casual, até que a fé de cada um falou mais alto. Concluídas as preces, os agradecimentos e a compra de recordações, veio o jantar e a viagem de regresso, tudo na paz do Senhor, todos juntos no regresso como tinha sido na ida, não podia ser doutra maneira. Como não haviam lugares suficientes na carrinha o presidente disponibilizou o seu carro que foi conduzido pelo filho do colega Miguel Santos, Cristiano Santos e fez a viagem de regresso sempre na retaguarda do grosso da equipa. Ambos deixaram os seus afazeres domésticos e são muitos para ajudarem neste transporte de regresso.
Como disse um dos ciclistas mais velhos nesta peregrinação velocipédica "por muito duros que sejam os passeios e as paredes que nos aparecem pela frente, nós temos de ser mais duros e resilientes, porque desistir é para os fracos e desses não reza a história". Assim foi, uma verdadeira equipa sempre pronta a ajudar o próximo para que tudo corresse bem.
Com passeios organizados como este e com intervenientes que se portaram como uma verdadeira família, não há distância que separe o homem do seu sonho, muito menos se a sua fé e a camaradagem for do tamanho do altar do mundo.
Com passeios organizados como este e com intervenientes que se portaram como uma verdadeira família, não há distância que separe o homem do seu sonho, muito menos se a sua fé e a camaradagem for do tamanho do altar do mundo.
Uma das próximas aventuras será a tradicional subida à Senhora da Graça com partida e regresso de Fafe, por ocasião da etapa da Volta a Portugal, mas até lá muitas outras voltas na estrada e no monte serão dadas.
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