Uma fuga que lhe valeu a alcunha
As novas gerações de jogadores certamente que desconhecem que há umas décadas atrás existiu uma empresa em Fafe que fabricava chuteiras e bolas para futebol, botas de patinagem e ainda sapatos para bicicletas e que perdurou por muitos anos no concelho equipando milhares de atletas e fornecendo centenas de equipas. Na altura, pouca gente se interrogava de onde vinha o nome e de onde era empresa, muito menos a vida do seu empreendedor e a origem do nome “Netinho”.
Francisco de Sousa, é natural da freguesia de Cepães, Concelho de Fafe, onde nasceu a 3 de Janeiro de 1926. Descendia de uma família bastante humilde e por isso mesmo e porque era normal naquela altura, começou a trabalhar muito novo para contribuir para o agregado familiar.
Francisco foi criado pela sua avó que o tratava muito bem, utilizando sempre o termo: “o meu Netinho”. Após concluir a 3.ª classe, arranjou um trabalho de ajudante de sapateiro, em Guimarães, para onde se deslocava diariamente a pé até ao dia que juntou dinheiro para comprar uma bicicleta.
Depois de alguns anos de aprendizagem na arte de sapateiro, estabeleceu-se por conta própria, na casa da sua avó, em Cepães, com uma oficina de conserto de sapatos, começando por reparar primeiro o calçado dos seus vizinhos.
Porque foi sempre uma pessoa dedicada e empreendedora acabou por colocar de lado os consertos para se dedicar ao fabrico de sapatos novos.
Volvidos alguns anos, começou a fabricar sapatos para andar de bicicleta, que a sua grande paixão e cujo gosto pela mesma adquiriu quando tinha de se deslocar de velocípede para Guimarães e que o levou inclusive a participar, em representação do Futebol Clube de Fafe (sediado no Bairro da Granja), em algumas provas de ciclismo que se iam fazendo nas festas populares da época.
Já com alguns filhos a trabalhar consigo, começou a fazer as famosas chuteiras bolas e botas de patinagem com o seu nome de marca “Netinho”, vendendo milhares de chuteiras e bolas de futebol por todo o país e norte de Espanha.
Na sua microempresa, fabricava cerca de 50 pares de chuteiras e 10 bolas por dia. Com grande esforço e motivação implantou a sua marca no mercado nacional durante 40 anos, abastecendo clubes e lojas de desporto.
Francisco era uma pessoa reservada, de poucas palavras, mas dotado de uma força enorme de vencer e de se superar e sentia um orgulho enorme de ter fundado uma marca que ainda hoje é conhecida.
Esta equipa da AD Fafe utilizava bolas Netinho |
Curiosamente, foi o seu neto André Costa Leite, que nos despertou para a ideia de fazer este artigo e ajudou a contar esta fantástica história de um homem que marcou várias gerações e merece uma justa homenagem não só nossa mas de toda a comunidade desportiva.
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