.

.
.

sábado, 25 de abril de 2020

Entrevista | João Miguel (Rio Ave FC) foi criado no futebol para brilhar no futsal

TEXTO: JOÃO CARLOS LOPES | FOTOS: DR

"Continuo a sonhar com a elite do futsal"

Desde muito cedo que João Miguel demonstrou que tinha um sentido de baliza fora do comum e também desde essa altura que já revelava no futebol as características que vieram a fazer dele um grande jogador e goleador de futsal. Jogar de costas para a baliza fizeram dele um jogador imprevisível, pois as suas recepções orientadas não permitem na maioria das vezes aos adversários saber para que lado se vai virar para rematar ou assistir um companheiro. Foi muito feliz enquanto jogou na formação de futebol da AD Fafe onde foi sempre o melhor marcador de todas as equipas. Já a experiência de sénior no futebol desiludiu-o, mas o melhor ainda estava para vir pois voltou a sentir a alegria quando fez a transição para o futsal onde em 64 jogos já marcou 132 golos. Actualmente representa o Rio Ave FC na 2.ª Divisão Nacional, onde alinhou em 19 jogos e fez 21 golos. A ambição de sempre ninguém lha tira porque aos 28 anos ainda sente que tem muito para dar ao futsal, onde chegou apenas há quatro temporadas e sonha com a elite da modalidade. João é um trabalhador incansável, um adversário irrequieto e imprevisível muito difícil de marcar, com um sentido de baliza e oportunidade como poucos têm. Chegou tarde ao futsal, mas a sua qualidade ainda vai dar muito que falar e os seus golos ainda vão alegrar muita gente. 


NOME: João Miguel Barros Soares

IDADE: 28 (02-04-1992)

PROFISSÃO: Assistente Operacional (CM Fafe)

NATURALIDADE: Fafe (Portugal) 

POSIÇÃO: Pivot 

CLUBES: Futebol: AD Fafe (formação); AD Fafe, FC Amarante, SC Maria da Fonte, CDR Moimenta da Beira. Futsal: AD Fafe, Bovalino Calcio A5 (Itália), SC Braga e Rio Ave FC. 


Onde e com que idade começou a jogar futebol? 

- Iniciei a minha formação aos 12 anos nas camadas jovens da AD Fafe, único clube que conheci antes de chegar a sénior e o qual representei em todos os escalões incluindo o de seniores. 

Teve sempre vocação para jogar no ataque ou ocupou outras posições? 

- Não sei bem porquê mas que me lembre sempre joguei para tentar marcar golos e por isso fui sempre um jogador de ataque, ainda que no decorrer do jogo e mediante as necessidades táticas em determinados lances esteja sempre disponível para ajudar os meu companheiros e isso é mais evidente no futsal em que tudo se decide em fracção de segundos. 

Praticou ou gostava de praticar mais algum desporto além do futebol e futsal? 

- Além do futebol e do futsal pratiquei natação durante dez anos a nível federado. 

Que Clubes representou até ao momento? 

- Formação: AD Fafe: Seniores futebol: AD Fafe, Amarante FC, SC Maria da Fonte, CDR Moimenta da Beira. Seniores Futsal: AD Fafe, Bovalino Calcio A5, SC Braga e Rio Ave FC. 

Sabe quantos golos marcou durante a sua formação? 

- Não tinha por hábito apontar os golos na formação mas sei que fui sempre o melhor marcador desde infantil até júnior e fizemos sempre grandes camapnhas. 

E como sénior no futebol e no futsal? 
- No futebol marquei 20 e no futsal já vou em 132. Na AD Fafe em 43 jogos fiz 91 golos; No Bovalino Ca5, em 9 jogos 20 golos e no Rio Ave em 19 jogos 21 golos. No SC Braga só entrei por breves instantes em dois jogos pelo que não tive oportunidade de marcar. 

Quais as maiores alegrias da sua carreira?

- Sem dúvida a subida dos distritais da AD Fafe à 2.ª Divisão Nacional de Futsal e a vitória da Taça AF Braga, nessa mesma época. 

E a pior ou piores recordações?

- Não posso dizer que tenha porque encaro sempre a adversidade como desafio para superar e como forma de aprender e corrigir qualquer coisa.

O que sucedeu para, a determinada altura, trocar o futebol pelo futsal?

- Foi uma total desilusão com o futebol sénior e comigo mesmo. Depois de tantos anos de alegrias vividas na formação da AD Fafe com imensas vitórias e alegrias, quando atingi os seniores, por razões diversas, perdi o encanto da relva.

- Ainda pensa algum dia voltar a jogar futebol? 

- Muito sinceramente não, os meus relvados agora são de madeira. 

Quem foram os treinadores que mais o marcaram e porquê? 

- Todos os que me põem a jogar (risos). Agora a sério, Miguel Paredes no futebol e João Nuno Sousa no futsal, dois técnicos que souberam sempre explorar ao máximo o melhor de todas as minhas capacidades com os resultados que são sobejamente conhecidos por todos. Mas não fizeram isso só comigo porque além de excelentes treinadores, sempre souberam como e onde tirar proveito das qualidades dos seus jogadores, tanto na parte física como na psicológica. 

Como tem corrido a carreira no futsal? 

- De maneira ascendente, o que me torna orgulhoso e me dá vontade de trabalhar muito mais a cada dia que passa, para que possa corresponder sempre às expectativas daqueles que acreditam em mim e me proporcionam as oportunidades de jogar e ainda daqueles que seguem o meu percurso desportivo. 

O que aconteceu para não ter tido oportunidades no SC Braga? 

- Transição a meio do ano, grupo novo, realidade nova, tudo muito diferente, acho que precisava de mais tempo. Considero que o principal culpado dos meus fracassos sou sempre eu, mas num ano de tantos castigos e lesões culpo também quem nunca teve um pingo de respeito por mim, a todos os níveis. 

Como estava a correr a primeira época no Rio Ave? 

De forma excelente, a todos os níveis, tínhamos um grupo difícil onde soubemos dar a volta dentro do balneário e isso refletiu-se posteriormente na quadra. De realçar a atitude de toda a gente que sempre me acolheu de forma espetacular, começando no Presidente e acabando no técnico de equipamentos, adoro-vos. 

Tem feito muitos amigos no desporto? 

- Sim, no futebol fiz bastantes e no futsal também, e neste, por ser um balneário com menos pessoas a interação e amizade torna-se de certa forma mais familiar. 

Alguma história que o tenha marcado? 

Algumas. Mas, há uma que se passou comigo. Logo no meu jogo de estreia no futsal pela AD Fafe, eu fico 1x1 com o guarda-redes adversário e podia ter feito logo ali o primeiro golo quando o resultado ainda estava em 0-0. No entanto, tentei fazer um cabrito ao guara-redes e a bola foi ao poste, o João Nuno Sousa, que era o treinador, só não entrou dentro do campo porque parecia mal e não podia, ele até se espumava (risos). Tirou-me, sentou-me na cadeira e perguntou se eu estava a brincar com ele ahahah! Mas sem dúvida que os melhores momentos foram vividos no balneário do Fafe (futsal), tanto no primeiro ano como no segundo, tenho saudades de todas, um grande abraço para todos.

Onde ainda o leva o seu pensamento no futsal?

- Continuo a sonhar com a elite do futsal, para jogar e aprender com os melhores. Somos livres de sonhar, talvez um dia concretize alguns desses sonhos.

Como se define como jogador e como pessoa? 

- Como jogador sou forte, lutador, trabalhador incansável e goleador, sempre com o sentido do colectivo, e por isso também faço muitas assistências. Como pessoa sou divertido, amigo e de personalidade forte. 

Alguma história ou mensagem que queira contar ou deixar?

- Apenas deixo uma mensagem de agradecimento a todos aqueles que estes anos foram privando comigo e me ajudaram a crescer tanto taticamente como emocionalmente, porque no final levamos sempre um bocadinho de cada um connosco e deixamos sempre um bocado de nós.

Sem comentários: