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quinta-feira, 30 de abril de 2020

Entrevista | Artur Costa foi campeão no andebol, futebol e futsal

ENTREVISTA POR: JOÃO CARLOS LOPES | FOTOS: DR

“Devia ter nascido 15 anos mais tarde”

Artur Costa é aquele tipo de atleta que cativa à primeira vista pela sua qualidade rara de desportista e de pessoa, sendo igualmente inteligente, competitivo e letal dentro do jogo. Foram essas características que o levaram a ser campeão distrital de andebol nos escalões de infantis e juniores pela AD Fafe, campeão distrital de futebol pelo OFC Antime e campeão distrital de futebol de salão e futsal, bem como duas Taças AF Braga pelo GCR Nun’Álvares, equipa onde jogou cinco temporadas nos campeonatos nacionais. Depois de sair do GNA só conheceu um clube, o Arco Santo Ovídio que representou como sénior e continua como veterano sempre a ganhar títulos concelhios nas ligas da AMAF e onde se destaca novamente pela sua qualidade que se mantém intacta apesar dos seus já 45 anos. Também a nível individual foi conquistando títulos de melhor marcador e jogador, principalmente no futsal. Artur é um jogador excecional, que tal como nos revela só devia ter nascido 15 anos mais tarde, porque só muito recentemente é que o futsal por estas bandas começou a ter os meios suficientes, com formação e competição. Ainda assim, e apesar de algumas lesões enquanto na idade da formação, sente-se orgulhoso do percurso trilhado e grato a todos os que lho permitiram trilhar. Discrição e humildade são outras das grandes características deste jogador que é um verdadeiro Senhor Desportista em todos os sentidos e é por isso que diz que ter feito muitos amigos talvez tenha sido a sua maior conquista na passagem pelo desporto. 

NOME: Artur José Martins da Costa
IDADE: 45 anos
PROFISSÃO: Contabilista Certificado
NATURALIDADE: Fafe (Portugal)
POSIÇÃO: Universal (Futsal)
CLUBES: AD Fafe (futebol e andebol de formação), OFC Antime (futebol), GRC Nun'Álvares e ARCO Santo Ovídio (Futsal).

Onde e com que idade começou a praticar desporto e o quê?

- No desporto federado, penso que foi por volta dos 10 anos e comecei pelo andebol nos infantis da AD Fafe onde consegui ser campeão distrital e me mantive até ao segundo ano do escalão de iniciados, até que transitei para o futebol de 11 também na AD Fafe, pois a paixão pelo futebol já era maior.

Que Clubes representou na sua formação? 

- A minha formação foi um pouco atípica, pois quando ingressei no futebol de 11 na AD Fafe, tive duas lesões graves (2 vezes a perna direita partida) que me afastaram dos campos praticamente duas épocas desportivas e após “aconselhamento” familiar decidi fazer uma pausa no futebol para me dedicar mais aos estudos. Mais tarde, já com idade júnior, ainda regressei ao andebol da AD Fafe onde voltei a ser campeão distrital e depois deu-se a entrada no ensino superior.

E como sénior? 

- Como sénior, quando terminei o meu percurso académico, representei o OFC Antime em futebol de 11, onde ajudei o clube a sagrar-se campeão distrital da 1.ª divisão no ano de 1997/1998. Guardo boas recordações dessa minha passagem pelo Antime, pois já era um clube com um nível de organização altíssimo e que tinha uma boa estrutura diretiva e um grupo de jogadores excelentes.

A seguir veio o futsal?

Seguiram-se 13 anos (1998/2011) no GRC Nun´Alvares da qual fui um dos “jogadores fundadores” da primeira equipa sénior de futsal e orgulhosamente capitão dessa mesma equipa largos anos e aí fui mesmo muito feliz, pois para além de resultados desportivos bastante satisfatórios, ganhei amigos que guardo para o resto da vida. Os primeiros dois anos ainda foram de futebol de salão e só depois se deu a transição para o futsal. Apesar da mini estrutura de 3 ou 4 pessoas que nos acompanhavam sempre, em que o pilar era o Sr. Nelo Barros e onde os recursos eram quase inexistentes ainda conseguimos obter, na minha opinião, resultados muito positivos, tais como ser campeões distritais, andar nos campeonatos nacionais durante 5 épocas e termos ganho 2 taças A. F. Braga.
Éramos uma equipa difícil de bater em nossa casa e normalmente lutávamos sempre pelos lugares cimeiros, estando consecutivamente na discussão das fases finais para apuramento de campeão. Já no último ano em jeito de despedida ainda vencemos o campeonato concelhio de futsal.

Não pensou deixar o futsal nessa altura? 
- Pensei nessa altura que esse fim de ciclo no Nun´Álvares coincidisse com o meu “pendurar das botas”, mas um convite para ingressar no Santo Ovídio (2011/2020) levou a que continuasse até hoje com este grupo de amigos fantástico a fazer aquilo que eu tanto gosto, que é jogar futsal e ganhar títulos: Nos seniores conquistamos 3 campeonatos, 4 taças e 4 supertaças e agora nos veteranos mais 2 campeonatos, 1 taça e 2 supertaças e este ano, até a esta epidemia, estávamos bem encaminhados para voltar a vencer, pois eramos lideres isolados do campeonato e já tínhamos a presença garantida na final da taça.

A sua vocação foi sempre para atacar, defender ou considera-se um jogador polivalente?

- Considero-me um jogador polivalente, pois acho que é tão importante saber atacar como saber defender. Então no futsal isso é mesmo fundamental.

Sabe quantos golos marcou durante a sua carreira?

- Sei que foram bastantes, pois sempre marquei muitos golos, mas não faço ideia de quantos, pois só tenho registos dos últimos anos.

Quais as maiores alegrias da sua carreira?

- Foram todos os títulos conquistados e os laços de amizade que fui criando.

E a pior ou piores recordações?

- Tirando algumas lesões, que na minha opinião são as situações que qualquer desportista quer evitar, foi quando o Sr. Nelo Barros nos comunicou o fim da equipa sénior de futsal do GNA, esse para mim foi um dia mesmo triste.

Quem foram os treinadores que mais o marcaram e porquê?

- No andebol destaco o Prof. Mário Santos que me treinou nos juniores, uma pessoa muito à frente para a época, com métodos de trabalho inovadores e que conseguiu criar um espírito de grupo espectacular.

No futsal foram o Mister Nelo Barros (Nun´Alvares) e o Mister Pandilha (Santo Ovídio) porque são dois seres humanos incríveis, que eram capazes de tudo e mais alguma coisa para ver os seus atletas felizes.

No desporto nem só os treinadores contribuem para que hajam bons jogadores. Conheceu alguém que não fosse treinador que o tivesse marcado para a vida?

- Felizmente neste meu percurso desportivo, conheci muita gente boa, que deixaram a sua marca cada um da sua forma (diretores, treinadores, fisioterapeutas, companheiros de equipa, árbitros e até mesmo adversários). Seria injusto da minha parte destacar algumas pessoas, porque iria certamente deixar de falar noutras tantas que também foram importantes.

O seu espírito ganhador têm-no o levado a muitas conquistas. Sabe quantas competições e torneios já venceu?

- Em competições mais ou menos oficiais (sem torneios de verão) devem rondar as 20/25. 

Quantos troféus individuais alcançou?

- Felizmente também fui ganhando algumas vezes distinções individuais (melhor jogador/melhor marcador), mas esse tipo de troféus nem sempre existiu nas competições onde participei, pois é mais frequente existir em torneios.

Gostava de ter feito uma carreira diferente no futsal? Porque não sucedeu?

- De certa forma sim, mas há uns anos atrás não era fácil, pois o futsal não tinha tanta visibilidade. Modéstia à parte penso que atualmente teria mais condições para isso. Hoje no futsal há muitas mais oportunidades, há boas condições de trabalho, é muito mais divulgado, existem pessoas já muito mais preparadas para treinar, miúdos que começam a jogar futsal aos 5/6 anos. Houve uma evolução tremenda a todos os níveis no futsal.

Vemos por exemplo aqui na cidade de Fafe que atualmente existem duas belíssimas equipas, que têm tido desempenhos fantásticos na 2.ª divisão nacional, onde os pavilhões estão sempre cheios ou pelo menos bem compostos. Há no futsal atual, um investimento incomparável ao que existia há uns anos atrás. Nesse aspeto não tive muita sorte, pois devia ter nascido 15 anos mais tarde.
De qualquer forma sinto-me orgulhoso pelo meu percurso.

A que se deve a sua longevidade no futsal sempre com um nível tão elevado mesmo agora nos veteranos?

- Talvez à paixão que tenho pelo futsal que é inexplicável e nunca ter descurado a parte física, pois complemento o futsal com ginásio e umas corridas.  
Também o facto de não ter tido grandes lesões nestes anos de futsal ajuda.

Tem feito muitos amigos no desporto? Alguma história que o tenha marcado?

- Mesmo muitos, talvez isso tenha sido essa a maior conquista desta minha passagem no desporto. Quanto às histórias como deve imaginar foram muitas.

Já pensou com que idade vai deixar de praticar futsal?

- Já ando a pensar nisso há uns bons anos, só que ainda não fiquei totalmente convencido. Agora mais a sério, sei que já faltou mais para isso acontecer, mas de há uns anos a esta parte vai sendo ano a ano, tentando disfrutar o máximo, cada vez com maior sacrifício, onde algum sofrimento já se vai misturando com o prazer de jogar.

Como se define como jogador e como pessoa? 

- Como jogador penso que sempre fui um jogador correto mas muito competitivo, que tem sempre objectivos bem definidos para cada época e para cada jogo, que ainda hoje tento ser sempre melhor que ontem, embora saiba que isso de cada vez é mais difícil se não mesmo impossível.
Pessoalmente acho que sou uma pessoa tranquila, bem humorada, amigo do amigo, resumidamente sou uma pessoa que está de bem com a vida. 

Alguma história ou mensagem que queira contar ou deixar?

- Deixo uma mensagem especialmente para os mais novos, que aproveitem bem todas as oportunidades que a vida vos dá, pois como já vimos, isto pode mudar tudo de um dia para o outro e já não sabemos como será o dia de amanhã e se voltaremos a ter as mesmas oportunidades. Procurem ser felizes!!!
Por fim, quero agradecer há minha família toda a paciência que foi tendo para lidar com esta minha paixão e lhes ter roubado algum tempo que certamente seria deles por direito.

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