Recordar 20 anos depois
Agora com uma média de idades de 36 anos, estes heróis da altura recordaram os feitos épicos de uma temporada que os marcou para a vida inteira. Foram os primeiros a inscrever uma formação fafense de juvenis na galeria dos campeões distritais com a inevitável subida aos campeonatos nacionais da categoria.
Foi sempre de sorriso nos lábios que o fizeram, neste dia de convívio em que tentaram reviver os momentos mais marcantes de uma época. A festa foi praticamente feita no terreno do Brufense onde ganharam por 1-0, partindo para a última jornada a precisar apenas de um empate caseiro frente ao Gil Vicente, jogo que acabaram por vencer por 2-0. De recordar que a equipa só fez dois jogos caseiros na fase final, jogando oito partidas fora, por interdição do campo do Fafe. Os jogos que haviam de ser feitos em casa foram realizados em Real, Braga, porque na altura uma interdição de campo obrigava a a jogar a uma distância de 50 quilómetros do recinto interdito.
A peladinha ocorreu no Campo n.º2 do Parque Municipal de Desportos, sendo certo que o mesmo foi reduzido para o efeito com a colocação de uma baliza amovível pouco depois da linha de meio campo. Na verdade as pernas de alguns, quase todos, já não ajudaram e a aerodinâmica das suas proeminentes barrigas não os deixa “voar” como à vinte anos atrás. Mesmo assim houve jogadores que não perderam as suas qualidades técnicas e mostraram que quem sabe nunca se esquece. De recordar ainda o minuto de silêncio nos instantes que procederam a partida em memória do atleta da equipa já falecido, Martins.
A partida foi disputada com alegria e boa disposição, com alguns jogadores a caírem sozinhos e outros a deliciarem-se com pormenores que na altura não lhes era permitido, que o diga o Mesquita que se atreveu a fazer uma coxinha a um companheiro.
Como equipa que brilha nunca “desmaia” apareceram bons golos ainda que alguns jogadores acusassem a responsabilidade e falhassem de baliza aberta. Outros houve que não tiveram canetas para terminar a partida. No final ainda que o mesmo fosse discutido, o resultado acabou por passar à história.
De salientar a presença antes do jogo do actual presidente, Albino Salgado a quem foi entregue, pelo treinador desta equipa campeã uma moldura com três fotografias dessa memorável época. Nos momentos que procederam a entrega o presidente apelou para que cada jogador se torne sócio da AD Fafe uma vez que o Clube precisa de toda a gente.
O convívio prosseguiu no Restaurante D. João onde as histórias e recordações vieram novamente à baila. Aqui a voz de Paulo Cavadas era a mais notada, pela emotividade e pela boa memória para recordar os belos momentos daquela inesquecível época.
Para o guarda-redes Ricardo, capitão da altura, “esta foi uma grande equipa, feita de um grupo de amigos, a maioria já conhecidos dos torneios do Desportivo Ases de S. Jorge e que se manteve até à idade de júnior. Havia espírito de grupo, união, garra, determinação, vontade e querer. Foi com todos estes ingredientes que fomos campeões”.
O director António Ferreira, mostrava-se “bastante feliz por estar a conviver com estes jogadores que agora também já têm filhos pois viveu com eles momentos inesquecíveis e de grande alegria não encontrando de momento as palavras certas para dizer o que lhe vai na alma”.
Depois de treinar os jovens e os seniores do Arões, José Freitas, o treinador campeão, foi convidado por Gervásio Von Doellinger a treinar a equipa de juvenis da AD Fafe, o que fez durante cinco épocas consecutivas entre os anos de 1987 e 1991, tendo alcançado o êxito com este equipa na época de 1989/90. O treinador considera ter sido um feito para toda a vida”. Não é por acaso que guarda todos os jornais da época e tudo o que diz respeito ás equipas que treinou, inclusive os resultados e o nome de cada jogador que alinhou em cada jogo. A única coisa que José Freitas lamentou é que não estivessem presentes todos os atletas da altura. No entanto, reconhece que “era quase impossível reuni-los todos uma vez que alguns estão a trabalhar e residir no estrangeiro”.
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Seguiu-se a apresentação de um “Power Point” feito por Pedro Rocha, em que foram recordados um a um cada jogador, presidente, director, o massagista Mendes e até os filhos do treinador e director que os acompanhavam aos jogos.
José Freitas discursou depois para a plateia dizendo “que há vinte anos estes eram os seus meninos e que apesar de ter dois filhos nessa altura era como se tivesse mais de trinta”. Hoje recorda com saudade “momentos bons e outros complicados vividos antes da glória de serem campeões”. Disse ainda que “a vida passa depressa e o que fica são os valores da amizade que resultam neste tipo de convívios e são preservados pelo tempo. O mais importante na vida são os laços que se criam e as boas recordações e não os valores monetários”, rematou.
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