Tonau e Agostinho Bento tiveram um empate técnico na AD Fafe

Texto e fotos: João Carlos Lopes 

A sabedoria vale mais que a inteligência

Numa análise meramente estatística podemos constatar que afinal Agostinho Bento e Tonau tiveram praticamente o mesmo desempenho ao longo do presente campeonato ao serviço da AD Fafe. 

Agostinho Bento esteve 18 jogos à frente da AD Fafe para o Campeonato e mais um para Taça da Liga e outro para  Taça de Portugal. No que se refere ao campeonato, em 18 jogos fez 19 pontos, resultantes de quatro vitórias e sete empates. Foi eliminado no primeiro jogo para a Taça da Liga, em Felgueiras, com o Vizela e para a Taça de Portugal com a equipa do CPP Naval 1.º de Maio que não ganhou qualquer jogo na primeira fase do seu campeonato. Na ressaca deste jogo ninguém do Fafe prestou declarações públicas para explicar esta derrota. 

Tonau Chegou ao Fafe na jornada 19 após derrota em Viseu por 1-0, que custou a saída de Agostinho. Em 17 jogos fez 17 pontos, resultantes de quatro vitórias e cinco empates. Chegou com a equipa sem conseguir vencer em Felgueiras e teve a sorte de vencer na estreia frente ao Gil Vicente, depois ainda conseguiu duas vitórias em Amarante, nova casa emprestada. Porém, na própria casa, não obteve qualquer vitória, ainda que tivesse sempre grandes assistências. Deixou de prestar declarações após começar a contestação ao seu trabalho.   

Se o Fafe descer é lógico que as pessoas vão-se virar contra o presidente, Jorge Fernandes, mas se alguém marcou "golos" pelo Fafe esta época foi ele. Um estádio renovado com balneários novos, relvado de primeira categoria e iluminação praticamente de última geração, contas em dia com certificados de "não dívida" aos organismos estatais, autocarro a rolar com novo e melhorado aspecto, um número de sócios que mais que duplicou e o estádio sempre bem composto em praticamente todos os jogos. Pedir-lhe mais é deveras um exagero e critica-lo é masoquismo. Pode ter cometido erros e um deles foi, sem dúvida, ter trocado de treinador por um menos experiente do que aquele que tinha, quando se esperava alguém com alguma tarimba a este nível.  Mas quem não cometeu erros ao longo da vida que atire a primeira pedra.  

Em caso de descida, certamente que as pessoas só vão lembrar da festa que foi feita na subida da época passada. Não se pode tirar o mérito para quem orientou a equipa na subida, mas se reavivarmos a memória vamos recordar como ela foi conseguida. O Fafe perdeu o primeiro lugar nas últimas jornadas e subiu apenas no play off, da maneira que toda a gente viu. Só isso atrasou em muitos dias o processo de preparação da nova época. Em três épocas de CPP falhou na primeira abordagem, baqueou na segunda, ambas por culpa própria, e só conseguiu lutar pela subida na terceira. 

De nada vale argumentar que um treinador teve reforços e outro não, porque essa teoria cai por terra e se recuarmos no tempo e ouvirmos as declarações de Agostinho Bento na derrota em Felgueiras com o Santa Clara vamos constatar que não havia a perfeita noção da realidade da Ledman LigaPro e que a mesma foi preparada em cima das ilusões de um campeonato em que o Fafe, mesmo manco, era claramente superior às outras equipas, ainda que nem sempre o provasse dentro de campo: "subi de divisão com o Fafe e constato que neste escalão as equipas não jogam mais do que jogam no CPP, procuram é errar menos", disse o então treinador da AD Fafe. Também Tonau estava desfasado da realidade ao fazer a análise aos jogos pois, na sua opinião, a sua equipa era sempre melhor, quando na grande maioria das vezes claramente que não o era, quanto muito estava ao mesmo nível.

   

Depois, os reforços que o Fafe teve e que pôde utilizar não vieram como mais valias mas sim porque não estavam a jogar nos seus clubes, no caso dos do Benfica, nem na equipa "B". Edmund Hottor esteve a treinar desde Agosto em várias posições e quando pôde ser utilizado não estava nas melhores condições. Samu e Digas vieram com outro andamento, mas também não estavam a ser utilizados e Digas ainda na época passada jogava no Salgueiros do CPP. Geraldo ainda não jogou.

A conclusão que se chega é que nenhum dos dois treinadores estava preparado para este nível, pois por muitos cursos que se tenha, a experiência falará sempre mais alto, porque a sabedoria sempre foi mais forte que a inteligência.  

Não vale a pena embandeirar em arco, porque o que mais interessa não são as pessoas mas a AD Fafe. Ainda faltam sete jogos. Enquanto matematicamente for possível há que acreditar sempre, porque às vezes os mortos ressuscitam e para se morrer basta apenas um relâmpago.