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sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Entrevista a Rui Pedro Cunha – Treinador das seniores femininas do Nun’Álvares/IESF

Texto e foto: João Carlos  Lopes 

“Não chegamos cá por obra do acaso” 

Rui Pedro Cunha é o técnico que fez história no Grupo Nun’Álvares/IESFafe, ao colocar a equipa entre as oito melhores do futsal feminino nacional, depois de um primeiro ano em que foi campeão distrital. Este licenciado em Educação Física e Desporto pela UTAD e Mestre em Ciências do Desporto, com especialização em jogos desportivos colectivos, dotou a equipa da qualidade necessária para ultrapassar a primeira fase do Campeonato Nacional em 3.º lugar da Zona Norte o que lhe permite discutir o título nacional e lhe garante, desde logo, presença no campeonato da 1.ª Divisão da próxima temporada. O técnico do GNA/IESF, que possui o nível 2 “UEFA B” como treinador, promete lutar pelos três pontos e dignificar as instituições que a equipa representa em cada jogo da fase final.  

Qual é a sua relação com o desporto?

Como atleta tive o prazer e privilégio de representar três grandes instituições, o Grupo Nun’Álvares, a Contacto Futsal Clube e a AAUTAD. Esta caminhada começou com 13 anos no futebol de salão no Nun’Álvares, tendo apanhado a transição para o Futsal e feito as camadas jovens até júnior. No último ano de júnior, já como estudante universitário, fazia parte da equipa universitária da AAUTAD, passando depois para a equipa principal, na altura na 2.ª Divisão Nacional, onde me mantive dois anos. Fomos vice-campeões nacionais, subimos à 1.ª divisão onde também joguei. Depois, interrompi durante um ano porque fui de Erasmus para a Roménia. 

Quando voltou ao país regressou ao Futsal?

Voltei à AAUTAD que, entretanto, se tinha unido à RealFut, num projecto ambicioso que acabou por correr bem, pois fomos campeões nacionais da 2.ª divisão e fomos à final four da Taça de Portugal, feito até então nunca alcançado por uma equipa deste patamar. 

Além deste título de campeão nacional da 2.ª divisão alcançou outros como jogador? 

Na AAUTAD fui campeão nacional universitário por duas vezes e campeão distrital de juniores pelo Nun’Álvares. Fui também chamado pelo selecionador nacional para fazer um estágio de preparação para o mundial universitário.

Porque escolheu a posição de guarda-redes?

Desde muito novo que tinha apetência paras balizas, pelo menos na altura as pessoas diziam que tinha habilidade nesse posto. Apenas o fazia a nível escolar e um dia fui motivado por amigos para ir a um treino do GNA e o treinador da altura, senhor Daniel Morais, perguntou-se se estava disposto a continuar e a partir daí começou a minha história na modalidade, na época ainda como futebol de salão.  

Quando se dá a transição de atleta para treinador?

Ainda como atleta e estudante e por inerência do próprio curso comecei a treinar, juntamente com o João Nuno Sousa, uma equipa de formação das escolinhas da AAUTAD que fazia parte do centro de treinos da opção de futsal. Volvidos alguns anos, fomos ambos jogar para o Contacto Futsal Clube e além de atletas ficamos responsáveis pelo escalão de petizes da colectividade. 

Quando surgiu a primeira experiência com seniores?

No meu último ano de atleta da AAUTAD/Realfut houve muitos problemas directivos e em janeiro optei por saír. Como já estavam esgotados os prazos das inscrições para poder mudar de equipa, acabei por aceitar um convite para treinar uma equipa no Campeonato de Futsal de Fafe, que era o Martim de Freitas, tendo corrido bem a experiência pois nesse ano sagramo-nos campeões. A primeira experiência mais séria, ocorreu nos seniores do Contacto Futsal, no campeonato distrital, em 2014/2015, também bem sucedida porque subimos de divisão, aos nacionais. 

Como chega a treinador da equipa feminina do GNA/IESF?

A vinda para o Nun’Álvares/IESFafe surge através de um convite do Gerhard Seidler que me expôs o projecto numa altura em que o João Nuno Sousa tinha saído. Era um projecto muito ambicioso, num clube sustentado na formação, com pernas para andar e acima de tudo era um regresso a casa. Considerei que podia ser uma mais valia e me encaixava nesse esboço, por isso decidi aceitar. Sabia que o trabalho que estava para trás estava bem feito e apesar de ser uma experiencia nova para mim, uma vez que nunca tinha treinado uma equipa feminina, mas nunca encarei como um entrave mas sim como um desafio.

Qual foi o critério de preparação do plantel para esta temporada?
A equipa tinha descido da 1.ª Divisão e foi-me proposto recolocá-la nesse patamar em dois anos. O plantel ficou completamente a cargo da direcção do Clube, apenas dei o aval à escolha das novas atletas. No primeiro ano fomos campeões distritais e finalistas da taça. Na taça nacional, que é a fase em que se defrontam todos os campeões distritais, precisávamos de ser um dos dois primeiros classificados do Norte para subirmos, contudo ficamos em terceiro. Felizmente, devido à desistência de uma equipa, ocupamos essa vaga na 1.ª divisão.   

Desta vez a equipa parece que soube agarrar a oportunidade? 

A equipa soube aprender com os maus momentos. Após termos ganho o campeonato distrital com 19 vitórias em 20 jogos, não fomos competentes na Taça Nacional ao ponto de conseguirmos a subida de divisão directamente. Tivemos o sabor do insucesso e não queríamos repeti-lo. A equipa evoluiu muito na mentalidade, no espírito competitivo e na entrega que tem em cada jogo. É claro que também não está alheio o fato de que o plantel só teve duas entradas duma temporada para a outra e o entrosamento entre as atletas ser agora muito melhor, assim como o conhecimento e interpretação do modelo de jogo da equipa.

Qual era afinal o objectivo da temporada?

O objectivo inicial passava unicamente pela manutenção na 1.ª Divisão Nacional, facto que o GNA nunca tinha alcançado. Com o decorrer dos jogos fomos alimentando o sonho de que era possível ocupar um dos quatros lugares da nossa série que nos permitiram disputar o apuramento de campeão e estar entre as melhores equipas do país. 

Vai jogar com as mesmas atletas ou gostava de reforçar a equipa?

Como treinador e responsável técnico de um clube estou sempre aberto a introduzir qualidade na equipa. Mas o plantel que possuímos dá-me todas as garantias e toda a confiança para termos uma participação digna nesta fase do campeonato.

Para que objectivo aponta na fase final?

Temos noção que partimos atrás dos outros adversários, que sabemos que têm mais experiência e outro tipo de condições, com orçamentos muito superiores ao nosso e muito habituadas a estas andanças. Contudo, já mostramos este ano que temos muito potencial e mostraremos a cada jogo que não chegamos cá por obra do acaso. Lutaremos em cada partida pelos três pontos, tendo respeito por todos os adversários mas nunca receosos dos concorrentes que vamos enfrentar e prometemos dignificar ao máximo o nome do Grupo Nun’Álvares e do Instituto de Estudos Superiores de Fafe (GNA/IESF). 

O que dizer de todo o trabalho que tem sido feito no Grupo Nun’Álvares a nível de futsal?

O Grupo Nun’Álvares está agora recheado de várias pessoas muito capazes e que trabalham muito em prol do futsal. Foi elaborado um projecto de crescimento sustentado, com as bases bem apoiadas na formação que conta já com cerca de duzentos atletas de ambos os sexos. Com um projecto assim o futuro só poderá ser risonho.  

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