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domingo, 28 de junho de 2020

Futsal - Entrevista | Leninha (SL Benfica) é uma coleccionadora de títulos

ENTREVISTA POR: JOÃO CARLOS LOPES | FOTOS: DR 

“Não há nada melhor do que realizarmos os nossos sonhos” 

Nome: Helena Nunes

Idade:  18 anos 

Naturalidade: Fafe

Profissão: Estudante

Posição: Ala 

Internacionalizações: 24 (18 sub 19 e 6 sub 17)

Títulos: Penta campeã distrital e regional de desporto escolar; Campeã nacional em iniciadas (1x) e juvenis em desporto escolar (1x); penta campeã distrital em juvenis mais uma taça AF Braga no mesmo escalão. Campeã distrital em juniores por 4 ocasiões com 3 presenças na Final 4 nacional deste escalão. campeã nacional sub19 (1x) pela seleção distrital da AF Braga. Pela seleção nacional venceu um torneio de desenvolvimento da UEFA sub17 e os Jogos Olímpicos da Juventude.

Clubes e modalidades: Futebol de 7 e de 11 na AD Fafe e futsal no GCR Nun’Álvares. 

Com apenas 18 anos e ainda com um ano de júnior para cumprir, Helena Nunes Leninha), concretizar o sonho de ser contratada pela equipa campeã nacional de futsal feminino, o SL Benfica. Mas isso não é obra do acaso, pois a jogadora viveu praticamente toda a sua existência ligada a uma bola e nunca se inibiu de jogar com os mais velhos, quase sempre homens. O desporto federado apareceu através da AD Fafe onde jogou em equipas mistas até aos iniciados. Depois mudou-se para o futsal do GCR Nun’Álvares (GNA) que a elevou a patamares que vão desde os simples troféus de torneios até à conquista por Portugal dos Jogos Olímpicos da Juventude. Pelo meio há uma enorme lista de troféus regionais e nacionais no futsal do desporto escolar e também campeonatos distritais de formação pelo GNA. As chamadas à Selecção Nacional de sub 17 e sub 19 num total de 24 internacionalizações e 12 golos marcados. Mas muito importante também é o facto de ser boa aluna e conseguir conciliar as duas coisas, o que faz dela um exemplo a seguir e nos deixa apreensivos pois se aos até aos 17 anos conseguiu tanta coisa, agora na melhor equipa nacional, só pode continuar a somar.  

Recorda-se qual foi a sua primeira ligação ao desporto? 

A minha primeira ligação e talvez a razão de estar envolvida no desporto desde que me conheço, foi o facto de ter crescido no Bairro da Granja. Os meus pais trabalhavam na sede dos Restauradores da Granja que, por sorte a minha, tem um campo de futsal, onde eu passava lá os meus dias a jogar com quem quer que fosse: desde pessoas muito mais velhas a pessoas da minha idade ou mais novas, pois o que eu queria era jogar e isso foi fazendo com que o meu ‘’bichinho’’ pelo futebol crescesse e se manifestasse desde cedo.

Quando começou a praticar desporto a sério? 

Entrei para a AD Fafe quando tinha 6 anos. Na altura ainda só participávamos em torneios ou fazíamos jogos amigáveis, mas foi aí que tudo começou a ficar mais sério. Já tinha treinos todas as semanas, já apreendia e conseguia evoluir, já pertencia a uma equipa. O meu gosto pelo desporto aumentava cada vez mais e passados dois anos tornei-me atleta federada e ai já participávamos nos campeonatos e sempre tivemos boas equipas a lutar pelo título. 

Onde fez a sua formação como atleta? 

A minha formação foi feita na AD Fafe durante 7 anos e no GCR Nun’Álvares durante 5. Há que ter em conta que ainda não está concluída, pois este ano vou para o meu último ano de formação com idade de júnior. 

Futebol ou Futsal que modalidade gosta mais? 

Desde cedo que o futebol me despertou mais interesse porque eu olhava para a televisão e constantemente estavam a ser transmitidos jogos de futebol e nenhum de futsal. O futebol era o que eu ouvia falar todos os dias logo, tudo isto, fez com que eu ganhasse grande interesse por praticar futebol. Agora, com o passar dos anos, percebi que o futsal é o melhor para mim, que é o que realmente gosto de fazer. Estou nesta modalidade muito bem e é onde pretendo continuar. 

Que recordações guarda de quando jogava em equipas mistas? 

Guardo, especialmente, dos inícios. Lembro-me de chegar ao primeiro treino e ouvir ‘’uma menina? Nós vamos jogar com uma menina?’’ e nesse dia não me passavam a bola (risos). Quando comecei a jogar não era habitual ver uma menina a jogar futebol e eles ficaram reticentes com o facto de terem de jogar com uma rapariga. A partir daí, sempre me trataram de igual forma, sempre me integraram muito bem e nunca ligaram ao facto de eu ser uma menina, dentro de campo era tudo disputado da mesma forma. Sem dúvida que jogar com os rapazes foi uma fase muito importante no meu crescimento, fez-me muito bem. 

É verdade que preferiu sempre bolas a outro tipo de brinquedos. Porquê? 

Sim, é verdade. Talvez pelo que já falei anteriormente. Cresci num espaço onde toda a gente gostava do desporto, onde tinha um campo à minha disposição sempre que quisesse jogar, tinha pessoas que jogavam comigo e era ali onde eu passava a maior parte do meu tempo, até ser noite e por vezes até à noite jogava. Depois, na escola, raramente me encontravam no parque a brincar, estava sempre no campo com os rapazes, ou seja, dar-me um presente era fácil, até podia ser uma bola de plástico (risos).

Como tem corrido a sua vida de estudante? 

A escola tem de estar em primeiro plano, sempre foi algo que me impuseram e eu tenho conseguido conciliar as duas coisas na perfeição. Sempre fui boa aluna e sempre soube dividir bem o tempo. Como me dizem, ‘’O futsal é o plano B, o plano A é a escola, mas o plano B pode ajudar muito no plano A’’ por isso é que temos de nos aplicar nas duas coisas.

Como avalia a sua passagem pelos dois clubes que representou em Fafe?

Foram duas passagens bastantes positivas, sem dúvida. São dois clubes pelos quais tenho um gosto muito grande. Apesar de duas aprendizagens distintas, em diferentes modalidades, ambos contribuíram, bem de perto, para a minha evolução e formação enquanto pessoa e atleta.

De que mais se orgulha ao longo desses anos? 

Em primeiro, das pessoas com quem tive o prazer de privar e de partilhar momentos que vão ficar para sempre. Ganhei uma segunda família, ganhei amigos que ficam para a vida. Orgulho-me muito, em especial nestes anos no Nun’Álvares, da forma como elevamos o nome do clube e do futsal fafense, dos obstáculos que enfrentamos e conseguimos sempre ultrapassar, deixando o clube no patamar máximo do futsal português. 

O que representa para si ser requisitada para representar o campeão nacional de Futsal feminino? 

Estou muito feliz por ter a oportunidade de representar um clube tão grande como é o Benfica, e pelo facto de poder trabalhar diariamente com as melhores do nosso país. É um sonho que tenho desde que comecei a praticar a modalidade e não há nada melhor do que, pouco a pouco, irmos realizando os nossos sonhos. Certamente que vai ser uma experiência muito boa para mim e para dar continuidade à minha evolução, não só como atleta, mas também como pessoa.

Sente alguma apreensão em ingressar no Benfica? 

Claro que o facto de ser tudo novo, uma nova equipa, novas colegas, novas formas de jogo, nova cidade, deixa-me um pouco mais ansiosa que o normal. E claro, por si só, o nome e a importância que o Benfica tem no futsal português deixa-me com o nervoso miudinho diferente do normal.

Vai ser uma grande mudança na sua vida deslocar-se para a capital? 

Sim, sem dúvida, vai ser uma mudança radical. Vou sair de casa, sair de ao pé dos meus, da minha família e amigos, sair de uma cidade tão calma como é Fafe para o oposto, que é Lisboa, uma cidade muito maior, com muito mais movimento. É um novo desafio e tenho a certeza que vai correr tudo bem. Também tenho lá colegas que já conheço que me vão ajudar na adaptação.  

Qual agora o objectivo principal da sua carreira? 

Este, sem dúvida, era um grande objetivo para mim. Agora vou trabalhar para conseguir agarrar esta oportunidade e, como uma pessoa se alimenta de sonhos, o grande objetivo é poder representar a seleção A. 

Estar no Benfica deixa-a mais próxima de chegar à Selecção Nacional de seniores? 

Para chegar à seleção principal a grande chave é o trabalho e a evolução diária de cada atleta. Chegar onde estão as melhores vai do esforço e do desempenho que cada uma tem no seu clube durante o campeonato. Agora, é claro que ao estar no Benfica tenho outras condições para evoluir muito mais, para me tornar melhor para que no futuro possa ser uma opção. O trabalho e a evolução diária e constante têm de partir de mim, vou continuar a dar o meu melhor para tentar atingir esse objetivo. 

Nesta hora de grande mudança quer deixar alguma mensagem especial?

Agradecer a todos pela disponibilidade e carinho de sempre. Por me terem feito sentir em casa e por também serem responsáveis pela minha evolução ao longo destes anos. Foi um prazer enorme ter privado com pessoas tão dedicadas e esforçadas por aquilo que é o melhor do clube e dos seus atletas. É muito bom para além de colegas de equipa poder levar amigos para a vida. Obrigada por tudo!

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