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domingo, 14 de junho de 2020

Ex-atleta e advogado | Entrevista a Armando Mota um lutador nato apanhado por ELA

ENTREVISTA POR: JOÃO CARLOS LOPES | FOTOS: DR

Antes de ser Doutor já era um Grande Senhor em tudo

- “Mais vale um caminho de vida largo e curto do que estreito e comprido”

- “Esta doença tira-te tudo. Mas tudo mesmo”.

Aqueles que conhecem Armando Mota como desportista sabem que foi sempre o verdadeiro amigo do amigo, um lutador nato dentro do campo e uma força da natureza. Fez parte da primeira equipa federada da ACD Pica e por lá se manteve por 17 anos até deixar o futebol federado, abdicando de prémios de jogo ou qualquer outro subsídio, o que desde logo revelou a sua generosa atitude para com os outros e com a vida. A Pica cresceu com ele e ele cresceu com a Pica. Representou ainda outros clubes não federados com a mesma atitude e dignidade. Fora do campo a sua vida foi e continua a ser de luta diária e de conquistas até que, à sensivelmente cinco anos lhe foi diagnosticada Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) e foi perdendo gradualmente a sua independência motora, não lhe afetando porém, em nada, a capacidade cognitiva, como se pode avaliar pela excelente entrevista que nos concedeu. 

Não nasceu em berço de ouro, bem pelo contrário, cedo teve que se fazer à vida. Orfão de pai e filho único desde os 3 anos de idade, foi trilhando o seu próprio caminho na vida até concluir o curso de direito, profissão que exerceu até a doença o impedir de continuar. Aliás o Direito foi sempre o seu sonho e como pessoa obstinada que é perseguiu-o e alcançou-o, tal como outros sonhos idealizados ao longo da vida. Homem integro e honesto com todos os que se cruzaram no seu caminho, Armando Mota, manteve-se e mantém-se sempre fiel à sua forma de ser e orgulha-se da sua família com especial relevo para a recente aquisição dessa equipa, a sua neta Leonor. 

Apesar de estar numa situação que ninguém quer sequer imaginar a sua força de vontade leva-o a dizer que fez tudo o que queria fazer e alcançou tudo o que queria, mas não contava com esta rasteira da ELA. Em Novembro de 2015 que, ao pegar num “canhoto” teve o primeiro sintoma da doença e de lá para cá foi perdendo algumas capacidades motoras, tendo também realizado o seu último contacto com o desporto num jogo pelos veteranos da UD Fafe A60 numa deslocação ao Luxemburgo, em Junho de 2016. Aliás, Armando era um dos motoristas de serviço nas viagens que os veteranos faziam ao estrangeiro sempre que eram alugados carros ou carrinhas nos países de destino e fazia-o com uma enorme qualidade e muita segurança. 

Armando ainda se move de pé com o auxílio dos familiares, mas já não fala, recorrendo a um sistema instalado no computador, manipulado com os olhos, para comunicar, foi com ele que nos concedeu esta entrevista. É o próprio quem nos diz que a doença não afeta a parte cognitiva, mas também refere que ELA te tira tudo, mas tudo mesmo.

Apesar desta enorme rasteira da vida, Armando que sempre ajudou toda a gente que lhe cruzava o caminho, encara a vida com muita tranquilidade, resignado com a lotaria que lhe coube, fazendo de cada dia um novo desafio. Tem 53 anos e até aos 49 foi sempre saudável, nessa altura terminaram todos os seus projetos de vida e lembra que não adianta de nada andar com mesquinhices porque a vida passa e não volta. 

Nome: Armando Mota 

Idade: 53 anos

Naturalidade: Rego-Celorico de Basto 

Profissão: Advogado aposentado

Clubes e modalidades que representou: Outeiro, Docim, Quinchães e Eirós (este criado por mim e pelo meu amigo Alberto Gonçalves) (torneios populares), Santa Luzia de Casadela (futebol popular) e ACD Pica (futebol federado) e a única modalidade que pratiquei foi apenas futebol pois foi minha única grande paixão em termos desportivos. 

Recorda-se qual foi a sua primeira ligação ao desporto?

Sim foi nos juvenis do Fafe. Cheguei a realizar alguns treinos mas como era de uma freguesia e naqueles tempos não existiam transportes nem os pais queriam saber disso acabei por desistir. Lembro-me que dessa equipa entre outros fazia parte o Armindo, o Bareira, o Fernando Bruce (da Renault), o Caxana e o Sérgio Abreu, que era avançado na altura. 

Quando começou a praticar desporto a sério?

Só aos 19 anos. Como me evidenciava nos torneios populares e a Pica pretendia entrar no futebol regional, o Senhor Freitas e o malogrado Vítor Sampaio vieram a minha casa convidar-me para fazer parte do plantel. 

Fez formação em algum Clube, por quanto tempo?

Como referi anteriormente, o meu contacto com formação resumiu-se apenas àqueles treinos no Fafe. 

Que clube representou mais tempo e porquê? 

Foi, sem dúvida, a ACD Pica. Comecei com 19 e terminei com 36 anos. Era um dos mais novos quando comecei e sai como vice-presidente. Eu adorava jogar futebol e passei também a amar aquele clube porque o ajudei a crescer e a valorizar. Nunca recebi qualquer compensação ou sequer alguns daqueles prémios que estavam definidos em função dos resultados. Até as botas de futebol era eu que as comprava e sempre recusei o valor que o clube estipulava para ajudar na compra. É caso para dizer que eu, literalmente, pagava para jogar. Parece um paradoxo mas nunca gostei muito ver futebol e ainda hoje não vejo muito apesar de ter imenso tempo para isso. 

Como era o futebol e a convivência dos jogadores no seu tempo?

Era isso que me fascinava. O futebol não era tão bem jogado como nos dias de hoje, até porque as condições eram outras, mas a entrega era absolutamente total. A convivência era incrível sendo que, no início, a maioria dos jogadores eram de Quinchães e S. Gens. E era o que eu pretendia, uma saudável convivência e muita diversão. 

Fazer parte da UD Fafe A60 era muito mais que praticar desporto?

Quando terminei na ACD Pica fui convidado para representar o Santa Luzia de Casadela no campeonato de futebol popular que entretanto se tinha tornado, no âmbito do concelho, num campeonato já com relativa importância. Por aí fiquei até aos quarenta anos e onde também passei quatro anos fantásticos. Inicialmente como jogador e depois como escalador/jogador. E passo a explicar: nós não treinávamos e eu fazia a convocatória à quarta-feira por sms e no dia dos jogos limitava-me a escalar os jogadores para aquele jogo. Depois disso jogava nos grupos de amigos por aqui e ali. Não tinha conhecimento dos veteranos da UD Fafe. Quando vi, precisamente, uma reportagem no Montelongo Desportivo sobre uma viagem a França fiquei muito curioso e informei-me junto do “Geno” (Eugénio Freitas), que jogava comigo e que também já fazia parte do clube. Claro que ele me disse maravilhas! Passado um tempo, ele disse-me que falou à direcção no meu nome e se eu queria pertencer. E foi assim que acabei por entrar para a UD Fafe A60 sendo que, praticamente conhecia todos os jogadores, ou porque jogaram comigo ou contra mim. Encontrei um ambiente absolutamente extraordinário como seria de esperar e com uma organização invulgar para um clube de veteranos. Muito melhor do que muitos clubes federados. Uma coisa era certa, quando ao sábado organizava o meu equipamento no saco, sabia que independentemente do resultado me ia divertir muito. Foi assim até não poder ir mais. Apesar de já estar doente e com o diagnóstico fechado, ainda fui para o Luxemburgo para um torneio e foi lá que fiz o último jogo da minha vida. 

Como foi o seu percurso de vida extra futebol?

O meu percurso extra futebol é muito simples mas rico em conteúdo e demoraria uma eternidade a contar, pelo que vou ser o mais sintético possível. 

Nasci num lugar chamado de Quintela da freguesia do Rego em 13 de Outubro do ano de 1966. 

Sou filho de agricultores e órfão de pai desde os três anos de idade e filho único. Como o meu pai faleceu sendo eu ainda uma criança, a minha mãe, tentando melhor sorte veio para Quinchães onde continuou a exercer o que sabia fazer (agricultura) e eu desde muito criança ajudava no que podia (não era exploração infantil pois era prática comum naquela época e só me fez bem) e assim tive uma infância e juventude normal até casar e com uma passagem pelo Seminário em Braga onde ao fim de um ano fui “convidado” a sair. Na verdade acabei por casar muito jovem e por causa disso não concluí o ensino secundário onde também nunca fui um bom exemplo de estudante já que era muito malandro e o que eu queria era namorar e futebol. 

Com vinte anos já era pai de um belo menino e as responsabilidades aumentaram exponencialmente dado que tinha um filho para cuidar e nem eu nem a minha esposa trabalhávamos (ela que continuou a estudar) e por isso era necessário arrepiar caminho. Até que uma pessoa amiga me conseguiu um part-time na sede do PSD de Fafe para tomar conta do bar durante a noite e em simultâneo ajudava os meus sogros nas feiras, uma vez que eles eram feirantes. Aconteceu algumas vezes de sair da sede do PSD e ir directamente para as feiras sem dormir. Antes também já tinha tido uma breve incursão num restaurante como empregado de mesa e na construção civil, onde era uma espécie de manobrista. Até que quando fui jogar para o Pica o malogrado Vítor Sampaio me inscreveu para ir fazer testes psicotécnicos numa empresa de contabilidade em que o mesmo trabalhava. Passado pouco tempo fui chamado para ir trabalhar e por lá fiquei quase dois anos. A tarefa que me deram na empresa não era muito do meu agrado e a promessa de que brevemente iria fazer outra coisa não se concretizava, sendo que isso acabou por ser o fim dessa experiência. Depois fui para o escritório de uma fábrica em Cepães até que parte dos funcionários da minha anterior entidade patronal, que entretanto já eram amigos, decidiram sair e criar a sua própria empresa onde acabei por trabalhar durante nove anos. 

Findos esses nove anos, acabei também por criar a minha própria empresa, a “Ofifafe”, em sociedade com o Francisco, mais conhecido como “Cita”. Hoje em dia, e com a sociedade entretanto desfeita, é o meu filho mais velho que lidera o seu destino. Eu, entretanto, rumei para um novo desafio. 

Porque decidiu enveredar pela advocacia?

Aos 36 anos abandonei o futebol (os treinos eram à noite) e como tinha alguma estabilidade decidi ir estudar novamente e fui no pós laboral concluir o 12.º ano de escolaridade. Foi complicado porque tinha disciplinas das quais já não me lembrava de nada e então pedi livros emprestados para me atualizar sobre as matérias. Não foi difícil, mas exigia bastante de mim. O Direito foi sempre o meu sonho e que nunca pude concretizar. Na verdade fui trabalhar na área da contabilidade por ser uma necessidade porque em bom rigor nunca fui seduzido pelos números. Como sou uma pessoa obstinada e o sonho de ser advogado mexia muito comigo, procurei uma forma de tentar atingir o meu sonho. No entanto, naquela altura, só a Universidade Católica é que tinha o curso em pós-laboral. Depois de ponderar muito e falar com a família lá decidi ir estudar direito, em duplo sentido. Inscrevi-me nos exames nacionais, fui fazer específicas de História e Filosofia, de seguida fui a uma entrevista e assim começou a minha odisseia no Direito. E aqui sim, foi muito duro, já que durante o dia trabalhava e à noite lá ia para a Foz, no Porto, para frequentar as aulas. Foi assim a minha rotina durante quase cinco anos e sempre sozinho. Muitas vezes dava comigo na viagem a pensar porque é que me vim meter nisto? Mas a muito custo a todos os níveis lá ia. E consegui. Em 2007 licenciei-me em Direito pela Universidade Católica Portuguesa com a média de 12 valores. Depois ainda frequentei a parte lectiva do Mestrado em ”Direito dos Contratos e das Empresas” na Universidade do Minho, mas entendi dar por terminada a minha carreira como estudante e já não elaborei a dissertação. 

De que mais se orgulha ao longo de toda a sua vida?

De ser uma pessoa honesta com todos. Não tenho memória de algum dia intencionalmente ter prejudicado uma pessoa. Não quero com isso dizer que o que fiz ao longo da minha vida foi tudo bem feito. Claro que não. Mas costumava dizer que era muito mais difícil ser um senhor do que um doutor. Por isso mesmo é que eu sempre me mantive fiel à minha forma de ser. Tenho também obviamente muito orgulho na minha família, principalmente agora na minha neta Leonor.

Do que sente mais saudades? 

Em concreto de nada. Fiz tudo o que queria fazer. Tenho tudo o que queria ter menos a doença evidentemente mas já falo sobre isso. 

Como costumo dizer mais vale um caminho de vida largo e curto do que estreito e comprido. 

A vida pregou-lhe uma enorme rasteira. Quando soube que tinha Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)? 

No inverno de 2015 mais concretamente em Novembro quando fui pegar num “canhoto” para a lareira ele inexplicavelmente caiu-me. Naquele momento não liguei rigorosamente nada. Até que comecei a perceber que o músculo entre o polegar e o indicador estava ligeiramente diminuído na sua funcionalidade. Mas continuei a não valorizar nada. Passado sensivelmente um mês, ao jantar, não consegui cortar a carne porque a mão esquerda não tinha força suficiente. Aí foram os meus filhos que quase me obrigaram a prometer que ia ver o que se passava. Fiz uma eletromiografia e a médica disse que eu tinha um braço equivalente a um homem de 70 anos mas que não conseguia identificar a origem do problema. Falava-se em hérnia, em túnel de carpo, mas nada de mais. 

Iniciei de imediato a fisioterapia particularmente e após várias semanas em tratamento não assistimos a nenhuma melhoria. O fisioterapeuta aconselhou-me a ir a um neurologista. Fui mas com os exames que levava seria provavelmente uma siringomielia, que pode ser um ligeiro problema na coluna vertebral.

Já tinham passado quase três meses e percebi num jogo de futebol que hiperventilava e a minha voz era muito estranha, designadamente quando puxava por ela. Mas nem aqui fiquei preocupado. No entanto, fui consultar um pneumologista que me disse para não me preocupar pois estava tudo bem. Fui a um otorrino que me diz que o meu problema não era da competência dele. Aqui já começo a ficar um pouco preocupado até porque o referido músculo estava cada vez mais atrofiado e de vez em quando sentia os músculos literalmente aos saltos sem motivo aparente. Fui consultar um neurocirurgião e num simples teste percebeu que algo de muito errado se passava comigo e de imediato fui ao neurologista indicado por ele. No final da consulta vi que ele fez um relatório para ir ao Porto efectuar mais exames mas o “Dr. Google” quase que já me tinha esclarecido. Fiz mais uma série de exames e infelizmente os piores receios confirmaram-se. Tinha Esclerose Lateral Amiotrófica – ELA. 

Falando um pouco sobre a doença. A ELA é uma doença neuro degenerativa sem qualquer tipo de cura e sem uma causa definida. Os médicos atribuem aos doentes uma esperança média de vida de três a cinco anos. Obviamente que cada caso é um caso diferente. Existem vários tipos da doença. A medular (quando tem o seu início nos membros superiores ou inferiores), a bulbar (quando tem início na fala e deglutição) e a difusa (quando tem início em ambos os lados). É o meu caso. 

Tem sido uma luta desigual ou ELA têm-lhe dado algumas tréguas?

Completamente. A ELA vai trilhando o seu caminho sem se importar muito com o que penso. No entanto no inicio da doença se me perguntassem se ao fim de quatro anos ainda estava cá, de imediato responderia que não. Eu ainda ando mas com auxílio, tomo banho de pé e algumas coisas mais. Mas já não falo, sendo que recorro a um sistema instalado no meu computador para comunicar com o mundo até porque, esta doença, não afecta a parte cognitiva. Obviamente já bastante debilitado, mas confesso que pensei não estar assim quando me disseram que tinha em média de três a cinco anos de vida. 

Esta doença tira-te tudo. Mas tudo mesmo. Deixas de andar, de mexer os braços, de falar de comer e, por último, também compromete, irremediavelmente, a capacidade de respirar, acabando na morte inevitavelmente. Quando já tinha diagnóstico e iniciei a fisioterapia ia no meu carro e fazia passadeira, bicicleta, entre outras. Gradualmente, cada vez andava mais devagar até não conseguir andar de todo. É uma doença terrível já que em bom rigor tu assistes à tua morte sentado na primeira fila e ao “vivo”. 

Não é por acaso que é considerada uma de três piores doenças que o ser humano pode suportar. 

Como tem encarado este grande problema de saúde?

Com muita tranquilidade. Estou resignado com a lotaria da vida. O que é para mim não é para mais ninguém. Portanto o melhor que posso fazer é desfrutar de cada dia da melhor forma possível e à minha maneira. No início quando pesquisava na Internet sobre a minha doença ficava muito transtornado com o que lia e via. Então deixei de o fazer (realmente é mesmo assustador) e tento ser o mais conciso possível quando tenho de pesquisar sobre algo que necessito. A verdade é que cada dia é um novo desafio para mim e para a minha família que também sofre demasiado principalmente a minha mulher pois é quem está mais próximo de mim e tem que levar por vezes com os meus dias menos bons. Esta doença é também considerada a doença da família já que irremediavelmente afeta todos os que te rodeiam de forma brutal porque a pessoa com ELA torna se completamente dependente a todos os níveis. 

Felizmente, tenho encontrado pessoas verdadeiramente fantásticas que têm atenuado e muito o meu sofrimento. Desde o pessoal médico, enfermeiros, técnicos e auxiliares aos fisioterapeutas (em especial a fisioterapeuta Sofia Boaventura que em tempo de confinamento tem sido incrível), às terapeutas da fala e às minhas cuidadoras todas e todos são profissionais extraordinários. Um grande bem-haja a todos. 

Mantém a esperança de a ciência arranjar solução para este tipo de doenças? 

Sim, claro que acredito e mantenho a esperança. Mas não nos próximos anos o que equivale a dizer que para mim não. É a doença dos neurónios motores o que significa que é no cérebro e na medula que eles se situam e é muito complicado ir a essas zonas do corpo. Talvez se fosse como o Covid 19 em que milhões de pessoas no mundo sofressem, a cura poderia ser mais célere. Mas como não somos muitos, comparando com outras doenças, é muito difícil e não é rentável. Em Portugal, por exemplo, existem cerca de 800 casos segundo a APELA (Associação Portuguesa de Esclerose Lateral Amiotrófica) sendo, portanto, uma doença muito rara.

Tenho seguido com relativa atenção os estudos que se fazem um pouco por todo o mundo e infelizmente não vejo, por enquanto, grandes motivos de satisfação a não ser um medicamento que ainda se encontra numa fase muito precoce de testes e só será para a doença não progredir mais. 

Que mensagem deixa às pessoas que se queixam de problemas por vezes insignificantes se comparados com o seu? 

Até aos 49 anos fui sempre saudável. Já não me lembro quando foi a última gripe que tive e de repente vejo me com uma doença da qual nunca tinha ouvido falar. O meu mundo não terminou aí mas terminaram todos os meus projetos de vida. Num ápice verifiquei da pior forma que também era humano. Felizmente já tinha aproveitado um pouco dos prazeres que a vida me foi proporcionando e em boa hora o fiz. Por isso digo que devem aproveitar a vida da melhor forma que puderem. Não adianta de nada andarem com mesquinhices e não deixem de dizer a quem vos é querido o quanto os amam. A vida passa e não volta, lembrem-se sempre disso. 

Um agradecimento especial ao Montelongo Desportivo na pessoa do seu responsável João Carlos Lopes pela oportunidade que me deu essencialmente para divulgar esta doença. Eu também nunca tinha ouvido falar d’ELA. 

5 comentários:

Luis Gonzaga Leite disse...

Um grande abraço ao amigo Armando Mota.

Leonor Castro disse...

Parabéns, Armando, por esta lucidez prática, sem o compreensível acentuar da situação, antes focada num testemunho concreto, elucidativo. Sensibilizam-me muito esse seu lado pragmático e a serenidade que, pese embora esse "assalto" que a ELA lhe fez à vida, continua a transmitir. Muito obrigada!
Obrigada, João Carlos Lopes, por mais um notável e interessante trabalho!

Leonor Castro disse...

Parabéns, Armando, por esta lucidez prática, sem o compreensível acentuar da situação, antes focada num testemunho concreto, elucidativo. Sensibiliza-me muito esse seu lado pragmático e a serenidade que, pese embora esse "assalto" que a ELA lhe fez à vida, continua a transmitir. Muito obrigada!
Muito obrigada, João Carlos, por mais um notável trabalho!

Luis Gonzaga Leite disse...

Um grande abraço ao amigo Armando Mota

Ricardo freitas disse...

Um verdadeiro lutador desde o principio. Convivi com o Armando e nao fico admirado pela sua capacidade de resiliência. Lembro me de uma frase proferida por ele. " vou trabalhar ate aos 100 anos ". Só tem um defeito
ser portista,hi hi hi. Forte abraço.