POR: JOÃO CARLOS LOPES
"Se a nossa vontade for maior que a dor tudo se consegue"Luís Nunes tem 42 anos e já se comprometeu por mais uma temporada com o clube do seu coração, o AC Fafe. Com um passado invejável que o levou a conquistar títulos nacionais no ABC, Benfica, AC Fafe e Boa Hora e a representar a Seleção Nacional em juniores e seniores, com passagem também pelo Belenenses. Apesar da idade é o jogador que mais empenho e alegria demonstra a jogar a modalidade dentro da equipa, abastecendo-se da própria adrenalina para marcar golos em catadupa que, mesmo sem ser objetivo, o levaram a ser o melhor marcador do campeonato. Como não esquece onde tudo começou e o amor que o liga a essa paixão chamada ACF mantém-se e ainda não vislumbra quando deixará de praticar a modalidade. A Montelongo Desportivo o lateral esquerdo revela um pouco do seu sentimento.
Como correu coletivamente e individualmente a temporada 2020/21?
A época correu extraordinariamente bem, quer a nível individual (onde fui o melhor marcador) quer a nível coletivo pois superamos bastante as expetativas gerais.
Qual foi o segredo de terem feito uma época acima das expectativas?
A chave foi o coletivo e o bom ambiente criado desde o início, pois sabíamos as dificuldades que o clube estava a ultrapassar e só com muita vontade e sacrifício conseguiríamos atingir os objetivos e assim foi.
Como se sentiu o Luís mesmo com 41 anos de idade?
Senti-me muito bem e orgulhoso daquilo que conseguimos, pois foi uma época bastante longa devido as circunstâncias da pandemia e muito atípica, foi preciso muita paciência e preparação.
Sente que está a transmitir a sua vontade e os seus valores aos mais novos?
Acho que sim, por vezes sinto que estou a lutar contra o tempo pois sei que o fim se aproxima e o tempo está a esgotar e quero tentar dar o máximo para passar todo o amor que sinto pela modalidade e especialmente pelo ACF. Este ano demonstramos o nosso amor ao clube e isso ficou patente na quantidade de jogadores MADEINACF que faziam parte do plantel e que vão continuar a representar o clube da sua cidade, o clube do seu coração e quando assim é tudo é mais fácil, quando jogas por paixão.
Fafe tem mão-de-obra que garanta o futuro do ACF?
Sim tem, e este ano foi a resposta inequívoca a isso, embora tenhamos tido um colapso na formação devido a erros passados, acho que estamos de volta ao caminho certo.
Como se consegue ser o melhor marcador do campeonato com essa idade?
Não era um objetivo inicial mas com o caminhar da competição foi-se tornando possível, a idade é apenas um número, digo isso bastantes vezes, se a nossa vontade for maior que a dor tudo se consegue.
É possível conciliar uma atividade profissional com a competição?
Não é fácil, mas já o venho a fazer há muito tempo. É ainda mais difícil quando jogas com profissionais, mas é por isso que às vezes é tão bom atingir certos patamares, pois dás mais valor a todos os sacrifícios que fazes.
Anunciou que joga pelo menos mais uma época. De onde lhe vem tanta confiança?
É verdade que irei jogar mais uma época e com toda a vontade, entrega e paixão como da primeira vez, pois é assim que me entrego e só assim faz sentido. No dia em que não sentir vontade de treinar e jogar sou o primeiro a dizer basta, não me vou arrastar pelos pavilhões fora. Enquanto sentir que posso ajudar o clube e fizer alguma diferença o ACF pode contar comigo. A confiança é inata ao desportista, sou confiante por natureza e gosto de assumir o jogo, arriscar e é essa adrenalina que faz com que consiga amar esta modalidade.
Qual o segredo da sua longevidade?
Sinceramente acho que se deve a muito sacrifício, vou-me cuidando e nunca paro. Tento estar sempre ativo mesmo no término do campeonato e vou tendo alguns cuidados e também já conheço muito bem o meu corpo e os sinais que ele me dá.
Já pensou como se vai sentir quando abandonar o andebol?
É algo que evito pensar pois sei que vai ser muito difícil, é a minha 'vida' e amor de uma vida, são mais de 30 anos ligado à modalidade.
Quer ficar ligado à modalidade quando isso acontecer?
Ainda não sei, vou pensar quando o dia chegar. Um dia de cada vez pois para já ainda quero ajudar dentro do campo.
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