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quinta-feira, 30 de junho de 2011

53.ª Aniversário da AD Fafe não passou em branco


Texto e fotos: João Carlos Lopes

“O Fafe é um clube sério que só vai até onde pode”


- “Essas pessoas que mostrem coragem e que formem uma lista. Que mostrem que são homens pois devem falar no clube e não nas tascas” (Albino Salgado sobre algumas pessoas que não gostam do Fafe)

- “O Fafe não tem nenhum campo sintético e vai
perder a formação para os clubes do regional” (Albino Salgado)

- “Neste momento não posso dizer que se concretize no meu mandato. Não há financiamento. (José Ribeiro sobre o novo PMD)

- “Não sou eu que vou criar problemas a este Clube por causa do dinheiro que aqui tenho” (Albino Salgado)

- “Estou a aguardar um orçamento para ver a possibilidade de colocar um piso sintético num dos campos do actual Parque Municipal de Desportos”. (José Ribeiro)


A Associação Desportiva de Fafe comemorou os seus 53 anos com uma missa em memória dos sócios falecidos e um jantar no Restaurante D. João, onde apenas compareceram oito dos 47 associados contactados para receber o emblema de 25 anos de afiliação ao Clube. A presença de associados e simpatizantes esteve muito aquém do previsto e desejado, notando-se um divórcio entre estes e o clube, um pouco como reflexo do momento de indecisão e de vazio directivo que se vive, com eleições marcadas para o próximo dia 1 de Julho, sexta-feira.

Uma palavra de apreço para a presença do sócio número seis da AD Fafe, Francisco Oliveira Alves, com 53 anos de afiliação e que representa todas as gerações do Clube, tendo vivido todas as suas tristezas e alegrias. Foi ele que a determinado momento quis fazer deste aniversário uma espécie de tertúlia, ainda que a sua ideia não tenha tido o acolhimento devido. Outra para um sócio mais novo mas que já recebeu o emblema de 25 anos. Rui Dias é um fervoroso adepto do clube. Eram dele as cerca de duas dezenas de camisolas da AD Fafe expostas no jantar. Poucos sabem sobre a história da AD Fafe como ele. Uma autêntica enciclopédia.

Depois da entrega dos emblemas aos oito sócios presentes entre os quais se destaca o doutor Jaime Bonifácio, um dos grandes impulsionadores do desporto concelhio nos anos oitenta e noventa, surgiram os esperados discursos.

Os discursos mais esperados eram os do presidente da edilidade, José Ribeiro e de Albino Salgado, presidente da AD Fafe ainda em exercício.

José Ribeiro começou por dizer que “tantas ausências na entrega dos emblemas significa que algo está mal. Não posso sentir-me bem com este afastamento ou falta de respeito dos sócios que foram contactados para aqui estar, ressalvando, aqueles que por motivos imperiosos não o puderam fazer. Felicito, por outro lado, os que se dignaram comparecer, pela forma briosa com que se apresentaram. Felicito o doutor Jaime Bonifácio pelo seu percurso no desporto e no andebol que começou precisamente na ADF”.

O presidente da Câmara quis também tirar algumas dúvidas: “desde que sou presidente da edilidade que tenho prestado grande apoio à ADF com qualquer direcção. Fafe não é a Madeira e a câmara toma a atitude de fazer o que tem que fazer e o que pode pagar a tempo e horas com quem celebra compromissos. Todas as direcções sabem muito bem que usei a minha influência pessoal para canalizar apoios para a ADF”.

Sobre um pedido de apoio que terá sido feito por Albino Salgado para que este continuasse à frente dos destinos do Clube disse: “apoiarei sempre como tenho feito, dentro do que me for possível, mas toda a prioridade deve ser dada à sua vida pessoal e à sua empresa. Mais adiante frisou: “em nenhuma circunstância neguei apoio à ADF. Penso que fiz o que me competia e mais que isso. O meu apoio será sempre o mais possível desde que o Clube se aproxime também o máximo da sustentabilidade”.

Já sobre o novo Parque Municipal de Desportos afirmou: “neste momento não posso dizer que se concretize no meu mandato. Não há financiamento. Estamos a criar um processo com os privados de financiamento para essas obras e daqui a um ou dois meses terei outra perspectiva sobre as mesmas. A prioridade neste momento é para a Feira e o Mercado”.

Já pensando no acto eleitoral que se avizinha rematou: “os sócios e os amigos do Fafe é que têm de zelar pelos interesses do Clube. O meu apelo é que os sócios apareçam na Assembleia-Geral e que apareça uma Direcção pois as instituições estão para além das pessoas”.

Albino Salgado estava visivelmente agastado com a pouca afluência de pessoas ao jantar e começou por dizer: “Considero que esta ausência se deve em parte ao facto de ser dia de semana. O Clube precisava mais dos fafenses e enquanto não se mentalizarem disso não vamos a lado nenhum”.

Albino Salgado frisou também que o Fafe “é um Clube sério e que só vai até onde pode. Foram sete anos em que tentei dar sempre o meu melhor mas chega um momento que cansa”.

De seguida Albino Salgado passou a explicar algumas situações: “a manutenção deste estádio é uma loucura. O Andebol paga zero de manutenção e nós gastamos mais de cem mil euros por ano. O Fafe não tem nenhum campo sintético e vai perder a formação para os clubes do regional. Neste momento a dívida do Fafe é quase exclusivamente ao seu presidente e o Fafe não deve um milhão de euros como dizem para aí”.

O presidente lamentou-se depois de algumas pessoas que não gostam da AD Fafe e afirmou: “essas pessoas que mostrem coragem e que formem uma lista. Que mostrem que são homens pois devem falar no clube e não nas tascas. Não são meia dúzia de pessoas que vão derrubar este Clube. Sete anos, começa a ser tempo a mais. Espero que apareçam novas ideias. Se as pessoas honrassem os seus compromissos talvez não estivéssemos com as dificuldades que estamos. Houve pessoas que ficaram com bilhetes para o sorteio do carro e não devolveram o dinheiro, o mesmo sucedendo com alguma publicidade que não é paga. Se todos pagassem o Clube não andaria assim. São mais de 40 mil euros que andam perdidos”.

Albino Salgado voltou-se depois para o facto de muitos clubes estarem a receber campos sintéticos e o Fafe não ter condições para as suas camadas jovens: “As condições que a Câmara deu aos clubes dos regionais vai estragar a formação do Fafe. O dinheiro que a Câmara nos dá não chega a meia missa, nem para a formação nem para a manutenção. Temos que deixar de ser um clube “rico” e passar a ser um grande clube com tudo em ordem, o que não acontece neste momento”.

“Temos tentado dar o máximo de prioridade à formação, tentando integrar o máximo de jogadores da terra no plantel principal, o que nem sempre é possível”, disse o ainda presidente.

Albino Salgado disse ainda “não sou eu que vou criar problemas a este Clube por causa do dinheiro que aqui tenho. Se calhar alguns sócios não vieram receber o emblema porque têm as quotas em atraso, mas podiam ter vindo na mesma que ninguém lhes ia apontar isso”.

O ideal para este clube era ter três mil sócios. Neste momento não chega aos mil pagantes. Estarei presente na Assembleia-Geral de sexta-feira para ver no que isto vai dar”, rematou.

Furando um pouco o protocolo, José Ribeiro voltou a falar para comunicar que “está a aguardar um orçamento para ver a possibilidade de colocar um sintético num dos campos do actual Parque Municipal de Desportos”.

Depois de cantados os parabéns e saboreado o bolo de aniversário foram dadas por concluídas estas comemorações.
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