Texto e foto: http://tv.eurosport.pt
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Contos da Vuelta: os pódios de José Martins
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No ano de 1976, José Martins subiu ao pódio no final das edições da Vuelta e do Tour. A equipa que representou, a Kas Campagnolo venceu colectivamente as duas provas.
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1976 - José Martins nos pódios da Vuelta a España e do Tour de France
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Um dos corredores portugueses, porventura dos mais esquecidos pela generalidade da comunicação social portuguesa, quando se fala da Volta a Espanha e da Volta a França é José Martins.
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José Martins despontou para o ciclismo em 1971, com 20 anos de idade, quando, como corredor da extinta equipa do Coelima se tornou Campeão Nacional na categoria de Amadores (actualmente classificada como Sub-23). No ano seguinte, voltou a causar sensação ao ficar classificado em 2.º lugar na Volta a Portugal.
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Naturalmente, José Martins integrou portanto o reduzido grupo de corredores portugueses (juntamente com Fernando Mendes, Herculano de Oliveira e Joaquim Andrade), a quem, em 1973, foram franqueadas as portas, quer do Tour de France, quer da Volta a Espanha, a que não foi alheia a grande popularidade que Joaquim Agostinho vinha granjeando nas grandes provas do circuito internacional.
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Nesse ano de 1973, e em terras gaulesas, José Martins cumpriu os seus objectivos ao terminar o seu primeiro Tour de France em 33.º lugar da classificação geral, integrado na equipa Canadá Dry Gazelle, num processo de aprendizagem que lhe viria a ser muito útil. E foi também em 1973, que José Martins teve oportunidade de participar nas primeiras provas espanholas (ao serviço do Coelima), nomeadamente na Volta ao País Basco (onde averbou o 15.º lugar final) e na Vuelta (onde creditou o 38.º lugar final, a 30 minutos e 23 segundos de Eddy Merckx).
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Ainda na equipa do Coelima, em 1974, José Martins não foi feliz na Vuelta, em que foi forçado a abandonar (após ter estado envolvido numa queda violenta com o corredor françês Bernard Thévenet), mas solidificou a sua experiência internacional, ao conseguir um excelente 5.º lugar na Volta à Catalunha (após vencer o Prólogo e a 3.ª etapa), e a 1.ª etapa na Volta a Maiorca, coleccionando outros excelentes resultados a nível nacional.
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Os resultados de José Martins no ano de 1975, por terras espanholas, catapultaram-no para voos mais altos, e merecem uma especial referência: Vitória na Volta ao Vale Mineiros (à frente de Luís Ocaña e de Agustin Tamames), 2.º lugar na Volta a Aragão, 2.º no Grande Prémio de Amorebieta, 3.º lugar na Volta à Catalunha, 5.º lugar na Volta ao País Basco, 10.º lugar na Semana Catalã, 3.º lugar na Escalada de Montjuich (logo atrás de Eddy Merckx e de Joop Zoetmelk) e um excelente 8.º lugar na Vuelta, a 6 minutos e 53 segundos do vencedor, o espanhol Agustin Tamames, após ter obtido vários top ten em quase metade das etapas.
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Como não podia deixar de ser, José Martins despediu-se da equipa do Coelima e ingressou, em 1976, na poderosa equipa espanhola da Kas Campagnolo, a que não foi alheia a influência de Fulgêncio Sanchez (que já presidiu aos destinos da Real Federação Espanhola de Ciclismo).
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A Kas Campagnolo, então considerada uma das melhores a nível mundial, se bem que tivesse um líder assumido, Francisco Galdos, estava recheada de grandes valores como Vicente Lopez-Carril, Domingo Perurena, José Pesarrodona e muitos outros. José Martins, sabia portanto, que de algum modo, iria estar manietado em termos de iniciativas e resultados individuais. Isso não o impediu de conseguir um 4.º lugar na Volta à Suiça (e a vitória no Prémio da Montanha) e resultados de alto nível na Semana Catalã, na Volta ao País Basco e no Dauphiné Libéré.
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Nesse mesmo ano de 1976, José Martins conseguiu levantar bem alto o nome de Portugal, quer na Vuelta a España, quer no Tour de France. Na Vuelta conseguiu o 15.º lugar da geral individual e no Tour de France foi o 12.º da geral individual. E para premiar o esforço, José Martins subiu aos dois pódiuns no final de ambas as provas, em San Sebastian e em Paris, pois a equipa Kas Campagnolo venceu colectivamente ambas as provas.
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Depois de cumprido mais um ano de contrato na equipa Kas Campagnolo, onde as opções desportivas levaram a que o corredor estivesse ausente da Vuelta (mas não do Tour de France e de muitas das provas do circuito internacional), José Martins ingressou em 1978 na também espanhola equipa Teka (estando presente, quer no Tour de France, onde foi 22.º da geral individual, quer na Vuelta a España, onde conseguiu o 20.º lugar da geral individual) e no ano seguinte na Moliner Vereco, onde continuou a dar o melhor de si mesmo e a conseguir resultados francamente bons.
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José Martins regressou às equipas portuguesas em 1980, onde representou (e continuou a obter vitórias) as formações do Coimbrões e do Vitória de Guimarães, despedindo-se do ciclismo de competição muito novo, com apenas 31 anos de idade.
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