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sexta-feira, 3 de maio de 2013

Pedestrianismo: XIII Caminhada da Liberdade



Texto e fotos: João Carlos Lopes 

“Um hino ao pedestrianismo”

A XIII Caminhada da Liberdade levou cerca de duas centenas e meia de pedestrianistas a percorrer três das freguesias mais desenvolvidas do Concelho, S. Gens, Quinchães e Antime.
        Pela primeira vez integrada nas Jornadas Literárias de Fafe, esta foi uma caminhada que se tornou fácil de percorrer, desde logo porque S. Pedro ajudou e depois pela riqueza arquitectónica, paisagística e humana que os cerca de 9 km de percurso proporcionaram.
        Na partida efectuada da sede da freguesia de S. Gens onde se encontra uma bela torre sineira na igreja foi entregue a cada caminheiro um cravo que simboliza o 25 de Abril e a liberdade, essa mesma que agora anda encapotada por tanta restrição. Mas antes disso os Restauradores da Granja resolveram homenagear Domingos Pereira, sócio e caminheiro recentemente falecido, a quem foi dedicado um minuto de silêncio nesta primeira actividade após a sua morte. 
         A marcha prosseguiu pelas ruas de S. Gens com passagem pela antiga estalagem e pela capela de Santo Amaro até se imiscuir em Quinchães com belas vistas panorâmicas e entre colorida floração selvagem que nesta altura de Primavera pinta a natureza de todos os tons possíveis e imaginários.
        As águas cristalinas dos riachos e o canto dos pássaros emprestaram o som que embalava os passos pelos caminhos estreitos, onde se avistavam belos exemplares de gado bovino e caprino. Atingiu-se a praia fluvial de Quinchães onde foi servido café gratuito a todos e onde os caminheiros dançaram ao som de belas melodias saídas das concertinas tocadas por pai e filhos.
        Ao chegar a Antime o som da Grândola Vila Morena esvoaçava junto com os pólenes como algodão para os ouvidos, saído do violino de uma jovem que tocava em plena natureza o verdadeiro hino da liberdade nacional.
        Nas alminhas, perto do túnel da auto-estrada, a primeira recriação histórica com uma senhora a vender rosquilhos e umas centenas de metros à frente a fanfarra dos escuteiros e o gurda sinaleiro anunciavam a procissão da Senhora de Antime. Mais uma recriação que deixou boquiabertos todos os participantes, quer pela réplica do andor, quer pelos figurantes onde não faltavam as criancinhas de mãos juntas a rezar.
        Um pouco mais abaixo Joaquim Oliveira, o conhecido “Repas” o maior mártir da PIDE do concelho de Fafe voltava a “ser preso” em mais uma bela encenação história feita pelas gentes de Antime.
        O caminho estreitava e alargava conforme os quilómetros iam sendo percorridos sempre com vegetação à volta, até que se chegou à fonte onde duas mulheres vestidas à época recriavam a venda de água doce com limão, e que boa que ela estava, fresquinha, tirada com um caneco dos cântaros.
       
Já na estrada nacional, em Antime, o “Major Miguel Ferreira”, com ar todo bonacheirão, no jardim de sua casa, juntamente com a família, desfazia-se em cortesias para agradar a quem passava. “Sejam bem vindos”, dizia ele acenando com o braço.
        Um pouco mais à frente, no Lugar da Cruz, as beatas e as criancinhas recriavam as celebres novenas, em que no final eram oferecidos doces e rosquilhos pela participação destas pequenas criaturas devotadas e tementes a Deus.
        A caminhada terminou junto da sede da Junta em Antime, onde ao toque do clarim da fanfarra dos escuteiros a presidente da Junta e o presidente da Assembleia de Freguesia hastearam a bandeira nacional. Seguiu-se depois um almoço volante e o convívio com os discursos da praxe e as músicas alusivas ao dia da liberdade.
No final da caminhada falamos com o presidente dos Restauradores da Granja que organizam estas caminhas à 13 anos, Gabriel Soares, que nos disse, em jeito de balanço que “a XIII Marcha da Liberdade foi um verdadeiro hino ao pedestrianismo, com o empenho das três Juntas de freguesia, das Associações e da população, que contribuíram de forma significativa para o sucesso da actividade. Numa só palavra: memorável”.
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