Texto e fotos: João Carlos Lopes
“Um hino ao
pedestrianismo”
A XIII Caminhada da Liberdade levou
cerca de duas centenas e meia de pedestrianistas a percorrer três das
freguesias mais desenvolvidas do Concelho, S. Gens, Quinchães e Antime.
Pela primeira vez integrada nas Jornadas
Literárias de Fafe, esta foi uma caminhada que se tornou fácil de percorrer,
desde logo porque S. Pedro ajudou e depois pela riqueza arquitectónica,
paisagística e humana que os cerca de 9 km de percurso proporcionaram.
Na partida efectuada da sede da
freguesia de S. Gens onde se encontra uma bela torre sineira na igreja foi
entregue a cada caminheiro um cravo que simboliza o 25 de Abril e a liberdade,
essa mesma que agora anda encapotada por tanta restrição. Mas antes disso os Restauradores
da Granja resolveram homenagear Domingos Pereira, sócio e caminheiro
recentemente falecido, a quem foi dedicado um minuto de silêncio nesta primeira
actividade após a sua morte.
A marcha prosseguiu pelas ruas de S. Gens com passagem
pela antiga estalagem e pela capela de Santo Amaro até se imiscuir em Quinchães
com belas vistas panorâmicas e entre colorida floração selvagem que nesta
altura de Primavera pinta a natureza de todos os tons possíveis e imaginários.
As águas cristalinas dos riachos e o
canto dos pássaros emprestaram o som que embalava os passos pelos caminhos
estreitos, onde se avistavam belos exemplares de gado bovino e caprino. Atingiu-se
a praia fluvial de Quinchães onde foi servido café gratuito a todos e onde os
caminheiros dançaram ao som de belas melodias saídas das concertinas tocadas
por pai e filhos.
Ao chegar a Antime o som da Grândola
Vila Morena esvoaçava junto com os pólenes como algodão para os ouvidos, saído
do violino de uma jovem que tocava em plena natureza o verdadeiro hino da
liberdade nacional.
Nas alminhas, perto do túnel da
auto-estrada, a primeira recriação histórica com uma senhora a vender
rosquilhos e umas centenas de metros à frente a fanfarra dos escuteiros e o
gurda sinaleiro anunciavam a procissão da Senhora de Antime. Mais uma recriação
que deixou boquiabertos todos os participantes, quer pela réplica do andor,
quer pelos figurantes onde não faltavam as criancinhas de mãos juntas a rezar.
Um pouco mais abaixo Joaquim Oliveira, o
conhecido “Repas” o maior mártir da PIDE do concelho de Fafe voltava a “ser
preso” em mais uma bela encenação história feita pelas gentes de Antime.
O caminho estreitava e alargava conforme
os quilómetros iam sendo percorridos sempre com vegetação à volta, até que se
chegou à fonte onde duas mulheres vestidas à época recriavam a venda de água
doce com limão, e que boa que ela estava, fresquinha, tirada com um caneco dos
cântaros.
Já na estrada nacional, em Antime, o “Major Miguel Ferreira”, com ar todo bonacheirão, no jardim de sua casa, juntamente com a família, desfazia-se em cortesias para agradar a quem passava. “Sejam bem vindos”, dizia ele acenando com o braço.
Um
pouco mais à frente, no Lugar da Cruz, as beatas e as criancinhas recriavam as
celebres novenas, em que no final eram oferecidos doces e rosquilhos pela
participação destas pequenas criaturas devotadas e tementes a Deus.
A caminhada terminou junto da sede da
Junta em Antime, onde ao toque do clarim da fanfarra dos escuteiros a
presidente da Junta e o presidente da Assembleia de Freguesia hastearam a
bandeira nacional. Seguiu-se depois um almoço volante e o convívio com os
discursos da praxe e as músicas alusivas ao dia da liberdade.
No final da caminhada falamos com o
presidente dos Restauradores da Granja que organizam estas caminhas à 13 anos,
Gabriel Soares, que nos disse, em jeito de balanço que “a XIII Marcha da
Liberdade foi um verdadeiro hino ao pedestrianismo, com o empenho das três
Juntas de freguesia, das Associações e da população, que contribuíram de forma
significativa para o sucesso da actividade. Numa só palavra: memorável”.
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