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terça-feira, 26 de abril de 2011

Pedestrianismo: Uma centena de cravos na Marcha da Liberdade



Texto e fotos: João Carlos Lopes

Das varandas de Aboim à realeza de Moreira
- Caminheiros Nelo Lobo e Paulo Martins homenageados
- “Progeto Aparte” um grupo que canta e encanta

A XI Marcha da Liberdade, organizada pela Secção de Montanhismo dos Restauradores da Granja, levou uma centena de pedestrianistas a percorrerem 13 quilómetros e algumas centenas de metros, entre vales e serranias, ao som das aves e do canto dos ribeiros, num trajecto fácil de trilhar, sem pressas, sem confusões, ao ritmo de cada um.

Esta 11.ª edição serviu também para homenagear dois grandes entusiastas destas actividades e os principais exploradores dos “caminhos de Abril”, Nelo Lobo e Paulo Martins, o segundo ausente por motivos de saúde, mas ambos mais que merecedores da distinção pública que lhe foi feita. Esta marcha encerrou um círculo de percursos feitos à volta do Concelho de Fafe ao longo de uma década mas, outro se iniciará já no próximo ano numa nova configuração.

Depois dos discursos da praxe junto ao Museu do Povo, em Aboim, proferidos pelos presidente da junta local, António Novais, pelo seu homólogo da Junta de Moreira de Rei Diamantino Lopes e pelo representante dos Restauradores da Granja, Nelo Lobo, o qual justificou a ausência do presidente da Junta de Várzea Cova, Joaquim Lima, os pedestrianistas entraram pelo Parque de Merendas de Aboim onde lhes foi oferecido o símbolo de Abril, um cravo vermelho, que cada um colocou nas suas roupas ou pendurou em sítio sempre visível nas suas mochilas.

No trajecto inicial foi possível avistar de mais perto o monumental vale de Aboim, com os seus prados verdejantes e as encostas imponentes. Volvidos cerca de dois quilómetros houve uma derivação à esquerda e, de forma imprevista, surgiu o maior obstáculo da caminhada. A população havia cortado o caminho para impedir a passagem dos “motoqueiros” pelo local mas, desta vez, fê-lo de forma mais severa o que apanhou desprevenida a organização da marcha. Foram necessários três quartos de hora para desimpedir minimamente o caminho e ultrapassar o obstáculo. Depois de aturado trabalho, feito pela organização e outros voluntários, foi possível abrir uma passagem sobre o riacho que ali passava, naquilo que acabou por ser uma verdadeira aventura ao fazer esta pequena e improvisada travessia.

A marcha prosseguiu por veredas estreitas, cobertas por toldos naturais, em direcção à Igreja de Várzea Cova onde foi possível retemperar forças, comer peças de fruta oferecidas pela organização e ajustar o material.

Seguiu-se o trilho mais inclinado da caminhada, com uma longa distância percorrida entre o Vale de Várzea Cova e a famosa casa do penedo, onde foi feita nova paragem. Aí foi servido um café para provocar alguma adrenalina para o que restava do percurso e despertar os caminheiros para uma paisagem verdejante a perder de vista até à linha do horizonte.

A casa do penedo foi novidade para alguns que vieram de outras paragens mas é sempre motivo de admiração para quem já a conhece e procura algo de novo naquele emblemático monumento semi-natural. Lá estava o relógio de Sol, tão preciso como qualquer máquina suíça. A piscina estava vazia mas muitos se imaginaram ali a tomar banho. Mais ao lado, a cozinha com um forno, em novo anexo sob outro penedo. Um pouco mais abaixo um bom número de garranos a pastar, ou a descansar, onde se via um pequeno potro vigiado pela progenitora.

Esta maravilha do Concelho de Fafe – Casa do Penedo - serviu de cenário para a foto de conjunto antes do último lanço, encosta abaixo, até atingir os caminhos ao longo de plantios que levaram os caminheiros até Moreira de Rei. Pelo meio, a água era abundante, invadindo os trilhos de passagem, obrigando a um ziguezaguear constante.

Os fundos do edifício da Creche de Moreira de Rei acolheram os caminheiros, local onde todos comeram do que traziam e também dos outros, ao som de cantigas de Abril, debitadas pela aparelhagem sonora dessa nova e nobre banda musical fafense designada por “Progeto Aparte”. Um grupo de malta nova, com boa sonoridade, um reportório muito interessante e um naipe instrumental que vai desde a flauta transversal à concertina, às guitarras e ao batuque, entre pequenos acessórios musicais. A música de intervenção portuguesa e não só, animou sobremaneira os presentes e, a determinada altura, entrou um conjunto improvisado de caixas e de bombos, criando-se uma simbiose e uma sonoridade que chegou a ser bela e arrepiante, pelo empenho e entusiasmo demonstrado.

Já a tarde ia longa quando foi prestada a homenagem ao companheiro Nelo Lobo pelos bons ofícios prestados a favor da comunidade do pedestrianismo e não só, tendo recebido uma placa evocativa das mãos do presidente da Junta de Moreira de Rei, Diamantino Lopes, para pouco depois se ouvir, novamente, a Grândola Vila Morena, tocada e cantada em conjunto. Só depois e finalmente, se deu por encerrada mais esta jornada pedestrianista de Abril.
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