.

.
.

terça-feira, 12 de julho de 2022

Ferrinho, uma enorme bandeira da cidade que muda de cor

TEXTO: JOÃO CARLOS LOPES | FOTO: DR

Podem tirar o Ferrinho da AD Fafe, mas nunca vão tirar a AD Fafe do Ferrinho

Foi utilizado muitas vezes como bandeira da AD Fafe, era um jogador que se confundia com o próprio Clube, um ídolo para os mais novos, a mola que impulsionava a bancada, um jogador de Fafe e à Fafe, como não se viu outro nos últimos 20 anos. Deu tudo o que tinha pela "pátria" que o deixou partir agora para outra "guerra" não menos digna e para outro grande Clube do Concelho e do Distrito, Arões SC. 

Ferrinho é um nome consensual para os adeptos fafenses, que passou pela 2.ª Liga onde teve uma lesão grave no auge da sua carreira, mas que nunca virou a cara à luta e continuou a deixar a pele dentro de campo, jogando em qualquer posição que lhe fosse pedida, desde que fosse útil ao treinador e à equipa. 

Foi um jogador explosivo levando a bancada toda atrás de si para que ninguém perdesse um pormenor do que ia fazer, era duro a defender, feroz a atacar, senhor de um forte remate, defensor acérrimo da Associação Desportiva e ao mesmo tempo a humildade em pessoa. Ferrinho é um jogador que conquistou com sangue, suor e lágrimas um lugar eterno na história da AD Fafe. Podem tirar Ferrinho da AD Fafe, mas nunca vão tirar a AD Fafe do Ferrinho. É como a história daqueles que saem do bairro mas ninguém tira o bairro deles.  

Só aqueles que são como Ferrinho reconhecem as suas qualidades como confessou um dia ao Mais Futebol o central Zé Manel, que também passou pela AD Fafe "Vai deixar saudade disputar as bolas. Estou há duas semanas de férias e já sinto falta. Nunca lesionei um adversário, saio feliz. Toda a gente dizia que eu era duro. Agora vou ver os jogos e vejo o futebol mole, macio, não há aquelas entradas, a não ser o Ferrinho, meu amigo [ndr: jogador do Fafe], é do meu sangue, como é costume dizer-se, da minha raça, o único que vejo com nervo. Eu gostava dessas entradas, mas sem maldade, sem aleijar. É uma despedida, pensei que não ia custar tanto».       

Ao contrário de Zé Manel nessa altura, que teve uma carreira longa, para lá dos 40 anos, Ferrinho ainda não vai pendurar as chuteiras. 36 anos, 13 deles passados na AD Fafe trezentos e poucos jogos depois de ter representado o Atei FC (AF Vila Real) e de ter passado pelo GD Fornelos e Desportivo Ases de S. Jorge na formação, vai vestir agora novas cores, de verde e amarelo e os adeptos do Arões ainda mesmo sem o verem jogar com a camisola do clube já idolatram a sua nova referência e recebem-no de braços abertos.      

Sem comentários: