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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Cinco à quarta com Clara Castro


POR: JOÃO CARLOS LOPES | FOTOS: DR 

Nome: Clara Paredes Castro

Alcunha: Sarrafeira

Profissão: Diretora de Marketing e Comunicação

Idade: 45 anos

Clubes que representou: CD Vinhós, SR Cepanense e GDCR Golães


1 - O que mais o marcou no futebol? 

As pessoas… as que jogaram comigo, contra mim, todas as que apostaram nas mulheres quando o futebol feminino estava adormecido, mas acima de tudo, perceber que fiz parte de uma época que gerou muita qualidade para o futuro da modalidade em Fafe. É certo que a expansão deu-se mais no futsal e não tanto no futebol de 11, mas os percursos desportivos e de vida das jovens, que vi crescer no balneário, são um motivo de orgulho e acredito que o ponto de viragem da modalidade na nossa região deu-se a partir daquela época.


Que sonhos que ficaram por realizar?

Talvez ganhar um troféu de âmbito nacional. No desporto, como na vida, depois de se conquistarem outros patamares como o reconhecimento, a validação, o espírito de equipa, precisamos do sabor da vitória para continuar a acreditar e a construir sonhos.


3 – Qual é o onze da sua vida, composto por antigos colegas das equipas onde passou?

Isso é uma tarefa quase impossível porque ia deixar muita gente de fora. E não seria um onze baseado nas capacidades técnico-táticas, mas em tudo aquilo que deram em prol da modalidade e tudo aquilo que recebi de cada uma delas. Por isso, que todas as minhas colegas de balneário e de campo, se sintam aqui representadas pela nossa eterna capitã Bela.  


4 - A derrota pode valer tanto ou mais que uma vitória? Porquê?

Quando nos iniciamos nos campeonatos, e com total inexperiência, saíamos dos jogos com o Boavista a perder por 22-0 e nessas derrotas tínhamos um trabalho de superação muito grande. Ir 22 vezes às redes e levar a bola ao meio campo é um exercício de humildade. A vontade de ver chegar os 90 minutos era grande mas nós mantínhamos a convicção que no próximo seria melhor… e foi sendo! A cada jogo íamos diminuindo esta distância, até começar a lutar de forma mais igual e conseguir marcar golos. Saber que lutamos contra forças maiores que as nossas e que a cada queda temos de ter a coragem de nos levantarmos, é um grande ensinamento para a vida. É no fundo pensar como diria Churchill, que o sucesso é ir de derrota em derrota sem perder… o entusiasmo.


5 – Conte-nos uma história engraçada que tenha vivido no futebol?  

Podia falar aqui das “guerras psicológicas” que tínhamos com o rival Belinho que nos levou a enfrentar situações muito caricatas por irmos para os jogos com bonés e t-shirts da Justiça de Fafe, mas preferia destacar um jogo que nos marcou muito. E foi precisamente nesta altura do ano, em Dia de Carnaval. Oitavos de Final da Taça de Portugal em 2004 e fomos num autocarro (a carvão!) que nos demorou longas horas a chegar ao local, depois de sairmos de Fafe ainda de madrugada. O cansaço era imenso e o campo era o maior onde alguma vez tínhamos jogado.. pesado, com mais areia que terra (sim, à época os sintéticos eram uma raridade). A nossa guarda redes Verinha dizia que da baliza não via as linhas do meio campo. Ao intervalo perdíamos por 2-0 e conseguimos empatar 2-2 quase no apito final. No prolongamento chegámos ao 2-3 mas quase não conseguimos festejar só de pensar no tanto que tínhamos de correr até chegar à outra baliza. Com o apito final caímos para o lado e fomos aplaudidas pelos adversários e público presente. A viagem de regresso foi a parte engraçada disso tudo… mas essa fica por dizer.

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