Texto e fotos: João Carlos Lopes
veja mais imagens aqui: http://www.youtube.com/watch?v=-rFbUVl1OiI
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A monumentalidade do Porto antigo

Esta foi uma caminhada urbana mas com mas com uma dimensão história mais elevada que qualquer cadeia montanhosa. A riqueza histórica existente entre as antigas muralhas é tanta que a caminhada que se estendeu por poucos quilómetros demorou muitas horas a fazer, com a certeza de que muito ficou ainda por ver e explorar.
Muralha Primitiva era uma das designações utilizadas para utilizar um conjunto de muralhas da cidade do Porto. Essa muralha teve quarto portas: a Porta da Vandoma, em frente da actual Vila Chã que era a mais antiga e mais nobre, sendo também larga o suficiente pois era a única em que podiam entrar e sair carros. Esta muralha foi demolida em 1855; outra porta era a de S. Sebastião, próxima da antiga casa da Câmara e que foi demolida em 1819; a Porta de Sant’Ana viria a ser demolida em 1821 e, por fim, a porta das mentiras que a partir do século XIV adoptou o nome de Porta de Nossa Senhora das Verdades, nas escadas das verdades e da qual se desconhece ao certo o seu desaparecimento.
Com o crescimento populacional, ainda no século XIV, houve necessidade de construir uma nova zona de muralhas que ficaram conhecidas por Muralhas Fernandinas.
A caminhada começou com uma visita ao interior da Sé do Porto, local muito procurado e admirado por turistas. Prosseguiu depois pelas ruas estreitas que contornavam a própria Sé, com passagem pelas escadas das verdades, antigas escadas das mentiras, onde deu para espreitar a casa-museu de Guerra Junqueiro, bem como a casa da Rua D. Hugo, este um edifício do século XIX que aproveita construções anteriores e onde foram descobertos, no interior, vestígios arqueológicos do povoado da Idade do Ferro, conhecido como castro.
Contornando a sé pela sua direita, a comitiva pedestrianista foi-se deparando com uma bela paisagem urbana, com sumptuosos edifícios de fachadas trabalhadas, onde sobressaía, lá ao fundo, a Torre dos Clérigos. Uma nova incursão pelo culto religioso para visitar a Igreja dos Grilos e toda a sua riqueza interior. No prosseguimento do percurso os caminheiros passaram pela imagem de Santa Ana.
O mercado Ferreira Borges e a zona envolvente do palácio da bolsa foram outras zonas a visitar até desaguar junto ao rio na zona emblemática da Ribeira com passagem pela calçada do Forno Velho, vendo os eléctricos a passar e os Barcos Rabelos carregados de turistas com passagens frequentes entre as pontes mais emblemáticas do Rio Douro, nesta cidade do Porto, cruzando-se, por vezes, com os desportistas que praticavam remo nas suas canoas compridas e estreitas.
Com a emblemática Ponte D. Luís sempre na mira, foi feita uma incursão nos túneis da Ribeira, paralelos à marginal. Nessa zona e numa placa que passa despercebida a muita gente recorda-se o inventor do Bacalhau à Gomes de Sá, de nomes próprios José Luís a que acrescem os apelidos que o tornaram famoso.
O próximo passo foi subir as infindáveis escadas dos Guindais até à zona da Batalha, zona que foi aproveitada para petiscar.
No reatamento da caminhada os caminheiros desceram, através da Batalha, em direcção à estação de S. Bento, onde existem vestígios da antiga muralha. Por momentos suspenderam a marcha pata ver as fotos documentais que o companheiro Jorge Ribeiro tinha para mostrar sobre a catedral que existia naquela zona e que deu lugar à estação de comboios. Depois de uma incursão no hall da estação e da apreciação de um painel fotográfico e dos belos azulejos das paredes, chegou-se à actual Avenida dos Aliados onde os edifícios, ricos em pormenores, dão sumptuosidade á cidade invicta. A estátua de D. Pedro IV no centro do início da Avenida e a estátua do Ardina num dos lados mostram-nos duas realidades diferentes em épocas distintas.
A Torre dos Clérigos foi o passo seguinte. Esta obra de Nicolau Nasoni, tem seis andares e 75 metros de altura, os quais se sobem por uma escada em espiral através de 225 degraus. Lá de cima tem-se uma vista única e privilegiada da cidade do Porto.
Uma visita à Cadeia da Relação também entrou casualmente no roteiro da caminhada. Uma exposição de máquinas fotográficas bem como outra de fotografia alusiva à Resistência (Da alternativa republicana à luta contra a Ditadura 1891 – 1974), e a localização no interior do edifício da antiga sela onde esteve preso o escritor Camilo Castelo branco deram por bem empregue o tempo ali passado.
A caminhada prosseguiu até ao largo de S. João Novo, onde por casualidade se visitou o interior de mais uma igreja, rica em pormenores.
A caminhada prosseguir com a descida junto ao rio, por breves instantes, para fazer uma incursão junto à bicentenária Farmácia Moreno, em direcção à Estação de S. Bento e posteriormente à Sé, onde terminaria a caminhada para alguns. Isto porque, ali tão perto, seria um desperdício não usufruir da vista privilegiada que nos oferece o tabuleiro superior da Ponte D. Luís – o mesmo onde passa o Metro do Porto. Uma sensação única, numa varanda feita daquilo que muitas outras de menores dimensões adornam as sacadas do Porto, o ferro. A Serra do Pilar de um lado e a zona da Ribeira do outro conferem a este local uma dimensão emocional que fica gravada na memória.
Um dia passado em pleno com uma visita ao coração do Porto antigo, sobe a orientação e o esclarecimento do companheiro Jorge Ribeiro, um apaixonado desta Cidade e da sua história.
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