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domingo, 17 de outubro de 2021

Oitenta responderam à Caminhada do Regresso dos Leões do Ferro

TEXTO E FOTOS: JOÃO CARLOS LOPES 

Quando as sirenes nos tocam na alma

O dia começou com uma chuva miudinha e isso levou as sirenes da Fábrica do Ferro a chegarem aos ouvidos de oito dezenas de caminheiros de várias idades e ambos os sexos. Se alguns não temessem uma intempérie podiam ter sido muito mais, ainda assim os "trabalhadores" que apareceram levaram a cabo a tarefa de trilhar pelas redondezas daquele outrora importante polo industrial em busca de sensações ao longo de nove quilómetros. 

Percorrendo caminhos que outrora eram calcados por antigos trabalhadores da Fábrica do Ferro, que chegou a ter cantina, creche e piscina para os funcionários e filhos destes, o rol de recordações foi-se desfiando aos poucos nesta caminhada do Regresso dos Leões do Ferro, que teve o apoio da Junta de Freguesia de Fafe.

Por caminhos e veredas os caminheiros foram trilhando a passo lento cada centímetro de chão que desgastou muitas solas de calçado em busca do sustento que conseguiu manter ao longo de décadas muitas famílias. 

Ao caminhar nas duas margens do Rio Ferro foi possível sentir debaixo dos pés a ponte pedonal liga a zona da Fábrica a Antime e já nesta localidade apreciar quase intacta uma apólice de seguro em azulejo da "Legal and General Assurance Society Limited" datada de 1836, uma verdadeira preciosidade que está praticamente intacta numa casa que pouco mais tem que a sua estrutura. 

A caminhada desaguou nas traseiras da Fábrica do Ferro e a entrada foi feita pela porta principal, a mesma que foi cruzada por milhares de pessoas ao longo de décadas. 

O maior ponto de interesse desta caminhada centrou-se no gerador de corrente movido pelo canal, uma verdadeira relíquia e preciosidade cujas turbinas se encontram em pleno funcionamento há mais de cem anos. Admirar esta maquinaria da "Siemens Schuckert" foi encanto à primeira vista, porque apesar da tecnologia ser alemã trabalha tão certinha como um relógio suíço. Já antes foi possível ver as caldeiras com as suas portas elegantes e trabalhadas. 

Após contornar a fábrica seguiu-se uma passagem pelo túnel onde agora se desenvolvem múltiplas atividades desportivas e laborais e sociais para depois ver toda a gente a sair pela porta principal como se tivesse terminado um turno. 

Ainda deu para percorrer o canal, voltar a passar na ponte pedonal e desta vez virar à esquerda para uma passagem no parque de merendas dos Leões do Ferro, onde também se encontram algumas infraestruturas desportivas, para derivar à direita em direção à sede Social onde esperavam os participantes uma saborosa bifana e mais alguns momentos de convívio, agora com toda a gente parada. 

Foi muito saboroso o regresso ao "trabalho" na Fábrica do Ferro e o ouvir das sirenes, ainda que estas ecoassem em silêncio na cabeça de cada um, pois todos saíram desta jornada de convívio e desporto muito mais ricos do que quando chegaram, ainda que nada lhes tivesse sido pago, porque quem nos alimenta a alma não precisa de pagar nada.  

Uma última palavra para a organização dos Leões do Ferro que foi discreta e eficiente, mostrando de forma simples e por gente simples tudo o que havia para mostrar, sem perder nenhum "trabalhador" de vista para que todos chegassem ao fim sem sobressaltos. Foi, bom, bonito e reconfortante. 

1 comentário:

João paulo gomes Barroso Carvalho disse...

Obrigado pela presença e participação nesta nossa retoma de actividades é sempre um gosto contar com a tua presença e participação na divulgação das nossas actividades
João Carlos Lopes um grande abraço amigo grupo desportivo e cultural leões de ferro .Paulo Barroso